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Conhece-te VII: Introspecção e Sublimação Grupal Avançada

Por: 25 de setembro de 2017 Sem comentários

 “A única coisa necessária para o triunfo do mal é que as pessoas boas não façam nada.”

(Jerónimo – Século V DC – queda do Império Romano)

Estou consciente de que o processo que descreverei aqui é difícil, especialmente porque pede uma ausência absoluta de julgamento e trabalha com crenças e pensamentos no nível energético. Também exige experiência de contenção e manejo da força emocional. Mas, motivei-me a torná-lo público, ao invés de mantê-lo limitado a meus estudantes, sabendo que existem joias escondidas na humanidade em todas as partes e grupos que trabalham de maneira semelhante e que compreenderão e poderão se inspirar para a realização do exercício.

 Por Zulma Reyo. Publicado originalmente em lamujerinterior.es

Em dezembro de 2012, muitos grupos se reuniram para contribuir com pensamentos e sentimentos para o alinhamento das forças planetárias em nosso sistema solar. Agora, é o momento para dar um passo além, com o mesmo entusiasmo, mas com mais disciplina e flexibilidade para ajustar nossas frequências ao mundo para o qual demos juntos à luz. Apesar das gloriosas notícias, temos que lembrar que ainda somos minoria e que há muito trabalho a fazer.

É de extrema importância focalizar a forma como a sociedade global maneja as emoções e pensamentos, particularmente depois do alinhamento. Problemas profundamente enraizados não vão desaparecer sozinhos, por mais boa vontade ou ajuda que recebamos. O programa mundial antigo é um mal resistente. Não só o programa, mas a sua operacionalização. O programa baseia-se na atuação da mente sobre a matéria e no “eu antes dos outros”, sem traço de sentimento. Dirige-se ao material e ao aparente, ao que chamamos de “sobrevivência” e não à “vivência” profunda e real do ser humano divino.

O sentir como emoção tem muito mais poder do que temos reconhecido. Em vez de ser algo meramente pessoal e que serve a propósitos pessoais, é a corrente de força de vida sobre a qual o pensamento e a evolução planetária se movem.

Devemos nos atrever a pensar e sentir de maneiras novas. O desejo e a vontade pessoais pertencem à velha escola e são simplesmente inadequados. Para mudar, temos que nos dirigir à estrutura e às causas que os determinaram. Devemos ressoar com eles para dissolver o núcleo que mantém coesas de certa maneira as formas de pensamentos. Não há doutrinamento de governo ou ações beneficentes de instituições religiosas que possam dissipar plenamente o enorme medo primal relativo à sobrevivência que manipula a humanidade e que carece de Consciência. O medo, assim como a dor, nos impede de lembrar O Que e Quem somos.

Nossos corpos respondem como uma unidade. Vivemos em uma rede psicofísica. Isto quer dizer que nossos corpos e mentes emocionais estão afetados e formulados por emissões comuns de uns e outros, a maioria subliminares. Estas emissões se fixam e, com o passar do tempo, crescem tornando-se crenças. A infinidade de pensamentos e emoções é tão poderosa que um mero ser humano, ou um pequeno grupo, não poderia dissociar-se dessa influência completamente. Os campos de influência estão tecidos tão estreitamente e criam barreiras massivas que, como veremos adiante, também podem nos servir de maneira positiva.

Como instrumento de controle, a razão é débil. A situação “sem razão” tem um poder inimaginável contra a lógica, o poder das forças antigas e irracionais da emoção. É isto que determina a programação mundial que continua alimentando os medos reais ou imaginários relacionados à sobrevivência. O medo é a força irracional mais poderosa que ameaça o edifício da evolução humana. Figuras notáveis tem explorado este medo para controlar o mundo, desde Atila – o huno ou o flagelo de Deus – até Osama Bin Laden. A programação mundial subterrânea, que dita nossas atitudes, relações e ações, está construída sobre este medo. Tudo isto deverá ser exposto e corrigido.

Mais recentemente, nossas instituições sociais têm se centrado em técnicas mentais para equilibrar os programas de medo herdados através das eras. Utilizam o pensamento positivo, nos hipnotizando com crenças que tem o poder de alterar a maneira como nossos corpos, mentes e emoções respondem. Isto ajuda superficialmente muitas pessoas, inclusive em aspectos da saúde. Mas, agora, não é mais suficiente. Temos que reverter ao próprio poder incorporado nas emoções para alterar a força interior que sustenta o medo e devemos começar por nós mesmos.

Os pensamentos e emoções da humanidade nos alcançam por todas as partes e determinam nossas esperanças e medos. Não há meios de saber se o medo produz a crença ou vice-versa. Simplesmente, vêm juntos e não há proteção fácil contra o medo. Adicionalmente, não há maneira de fazer mudanças que alcancem o núcleo desta fábrica impressionante de crenças automáticas na qual nascemos sem penetrar no medo. Somente a vibração de um ser humano, aliada a forças superiores, poderá realizar as mudanças radicais na criação. Para isto, temos que nos reconhecer como algo separado do medo e sustentarmos uma carga neutra. A Consciência é a chave que nos oferece distanciamento e poder.

Como Consciência, somos Um e este é um fator que traz esperança. A matéria sempre responde à massa coletiva de crenças das pessoas. Para mudar, devemos exercer um esforço conjunto de conscientização evocado deliberadamente e não somente por indivíduos ou pequenos grupos.

Alguns de nós, trabalhando juntos, poderemos facilitar a reestruturação da programação global. Aqueles que estão dispostos a participar devem usar suas energias físicas e emocionais como laboratório, aprendendo a modular e a alterar a própria frequência, assim como o fazem os atores. E, ainda mais importante, devemos nos reconhecer como entidade aparte da personalidade e do tecido coletivo que nos veste física, mental e emocionalmente. Uma vez que tenhamos conseguido individualmente, então juntos e em fusão consciente poderemos emitir formas de pensamento coletivas que serão benéficas, construtivas e apropriadas para a necessidade do momento. Esta ressonância alterará o programa mundial atual simplesmente porque estão sendo vividas dentro e como parte dele.

Sublimacao

PROPOSTA

A proposta a seguir baseia-se em uma antiga prática budista que cria uma substância sutil no coração físico de quem a pratica. Chama-se “bodhicitta”. A inteligência ativa do coração emite uma substância-luz (compaixão) especial que é curadora e capaz de transformar a matéria e, neste caso, é capaz de afetar o edifício sobre o qual nosso mundo está construído. Ao invés de sermos seres isolados ou grupos de monges liberando esta substância por meio de rituais abstratos, proponho trabalhar diretamente dentro da mentalidade dos seres humanos, afinando-nos com eles de maneira neutra. Iremos a cidades, dentro da estrutura do próprio programa.

Como exemplo, a base do poder mundial está na mentalidade da necessidade de sobrevivência baseada na carência, no medo e no controle que circunda o tema do dinheiro. Estamos convencidos de que não podemos viver sem dinheiro e, para apoiar nossa crença, recorremos a métodos ineficientes e primitivos que não correspondem à nossa etapa evolutiva. Formas sem precedentes para avaliar pessoas e coisas estão sendo reveladas como um sistema avançado que requer receptividade, flexibilidade e responsabilidade. O ambiente agora está fértil para novos processos. Mas, antes, teremos que saber decodificá-las mantendo um estado de neutralidade. A necessidade desesperada de dinheiro – e mais do que o dinheiro – alimenta uma negação agressiva e fomenta uma onda destrutiva de impotência que está se manifestando subliminarmente em nossa sociedade. Um exemplo disto é que o mundo inteiro está atento à crise econômica e ao tema relacionado às armas. A raiz destas questões é o dinheiro. Existe um aspecto primitivo que converte a pessoa mais inteligente em um egoísta radical e violento ou um paranoico histérico.

Dizer que o tema não nos interessa ou que não nos diz respeito ou que não sabemos nada sobre economia e finanças é uma autoindulgência defensiva e evasiva. Opõe-se à construção de um mundo novo. Se não sabemos, poderemos aprender. O tema sobre o dinheiro é tão espiritual quanto qualquer outra coisa e nos afeta a todos. Você pode seriamente conceber um sistema social sem ele? Que emoções isto desperta em você? Faça uma lista destes medos e terá uma ideia do porque você se defende tão ferozmente.  Além disso, como descobrirá em breve, os sentimentos que estão por trás não têm nada a ver com dinheiro.

Esta prática é uma versão avançada daquela descrita no meu post “Conheça-te II” (http://lamujerinterior.wordpress.com/2012/05/11/conocete-ii). Antes de experimentá-la, o leitor deverá ter dominado a técnica de Introspecção ali sugerida e familiarizar-se com o material dos demais posts da série “Conheça-te”, onde se sugere um discernimento cuidadoso para manejar e controlar as energias físicas, emocionais e mentais.

O processo básico da Introspecção proporciona o domínio sobre as capacidades energéticas. Nesta prática que agora proponho, pede-se que o indivíduo se identifique com uma energia grupal. Em sintonia com esta energia, poderemos requalificar o cenário emocional sobre o qual ocorrem as atitudes e as ações desse grupo. Entramos em contato direto com a diversidade de sentimentos e pensamentos de outras pessoas como se fossem nossos. Nesta fase, como aconteceu com a Introspecção feita no nível pessoal, entraremos em contato com o cenário do que sentimos, fazemos e falamos automaticamente, pausando o suficiente para distinguir as camadas profundas do medo que condiciona a atitude do grupo que estamos explorando. Em outras palavras, vivemos o elemental do grupo como se fosse nosso. Certamente, isto requer flexibilidade e Consciência tremendas.

EXERCÍCIO

Sugiro a realização de discussões preliminares para que haja familiarização com as ideias e posturas mantidas pelos setores a serem estudados. A finalidade aqui é evocar empatia, apreciação e comunhão com eles, sem aprovar ou desaprovar o que quer que seja. Concluída a discussão sobre um setor, passamos ao seguinte até haver discutido, compreendido e simpatizado com cada setor escolhido a partir da perspectiva humana emocional. Isto implica mais do que pensamento; requer identificação emocional. Este aspecto é importante, particularmente porque automaticamente tendemos a descartar tudo o que não corresponda às nossas crenças. As opiniões, assim como as emoções, são o suporte do separatismo nacionalista, político e religioso. O separatismo é precisamente o que impede nossa evolução.

O TEMA (segue somente um exemplo; outro poderá ser escolhido):

A sobrevivência e a mentalidade de carência, medo e controle que circunda o conceito de dinheiro. O que representa viver sem dinheiro?

Estas são as formas de pensar tradicionais, clássicas e incluem nossas opiniões. Aparecem lado a lado com os padrões emergentes que acreditamos ser diferentes, mas ainda estão baseados em separação e supremacia.

  1. Ideologias de direita que incluem os ricos e os radicais pobres que se submetem a elas.
  2. Posturas esquerdistas que incluem artistas e boêmios.
  3. Crenças e posturas da América Latina e Oriente Médio, incluindo os homens jovens e mulheres árabes (baseadas na família).
  4. Os “indignados” espanhóis e europeus, incluindo as classes trabalhadoras grega, italiana e portuguesa.
  5. A mentalidade paternalista e de clã dos russos, chineses, sírios e iranianos.

Ao discutir cada setor, necessitaremos propor as perguntas esboçadas na introspecção original (“Conheça-te II”), mas agora aplicadas à mentalidade do grupo. Imersos na rede emocional sintonizada com as atitudes, agora você se perguntará o que pode fazer, sentir e dizer que seria diferente do que este grupo já faz, sente e fala. O julgamento e o medo deverão estar presentes neste momento. As respostas virão como sensações de liberação e soltura em uma mente e coração isentos de julgamento.

Quando o grupo atingir a empatia desejada em cada setor, é chegado o momento para iniciar a discussão, comparar e contrastar todas as percepções para compreender energeticamente a configuração das forças com que estamos lidando e que exercem uma tremenda pressão de inconformidade em nosso mundo.

Ao alcançar uma visão global, mediante a série de introspecções sensíveis com cada setor, e abraçá-la, a próxima etapa será uma meditação que emitirá uma nova qualidade sobre a humanidade como um todo. Este é um processo alquímico de sublimação. O que será emitido é uma potentíssima força-sentimento transmutada que oferecerá esperança e visão profunda. Ou seja, a possibilidade de um diálogo genuíno.

PALAVRAS FINAIS

Compreenda que estas formas de pensamento negativas e poderosas têm que ser “vividas” emocionalmente e alteradas dentro da sua própria textura. Isto é a sublimação autêntica que ocorre por meio da empatia emocional inteligente com o ser humano, em lugar da reação a palavras, ações ou crenças. Dispõe-nos a elevar a inteligência coletiva a dimensões superiores. É uma ação dirigida ao núcleo mais profundo das crenças humanas.

Se pudermos sentir, sem críticas, como um seguidor comum, fanático ou radical sente e quais são os pensamentos que alimentam o núcleo das suas crenças, sustentando-o dentro do nosso sistema emocional, estaremos em posição para neutralizar esta complexidade e mudar o maremoto de antagonismos profundamente enraizados, a desconfiança e a exploração mútua que nutrem interesses equivocados. Foi isto que quis dizer quando falei que nossos campos emocionais e mentais estão intimamente ligados, o que pode ser uma vantagem.

Genericamente, este tipo de trabalho é perfeito para a estrutura feminina e suas polaridades, capaz de manejar, sustentar e contrastar facilmente o conteúdo emocional. Sobre esta ressonância de empatia sensível gerada pelas mulheres, os homens poderão oferecer suas perspectivas e sua compreensão mais crítica e materialista. Por meio da nossa experiência conjunta, poderemos liberar o medo que existe por trás da mentalidade de sobrevivência. Ou, ao menos, criar espaço suficiente para que comece a se dissolver.

É extremamente importante que compreendamos que não estamos entrando na mente ou na privacidade de alguém, nem manipulando as pessoas para que pensem como acreditamos que deveriam pensar. Tampouco, buscamos soluções. Esta prática está voltada para o medo, internalizado em indivíduos e grupos, que impede o avanço evolutivo. Quando abraçamos o medo e o requalificamos, contribuímos para que o raciocínio das pessoas ocorra a partir de uma postura criativa melhor do que a defensiva-agressiva, ainda que continuem a pensar da maneira automática.

A experiência compassiva e direta É a solução para a compreensão e para a paz. Abra as portas para o fluxo de Luz que já estamos recebendo.

Eu o convido a assistir o vídeo no YOUTUBE “Krishnamurti – Como curar o monstro” (http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=Ekycwf3Q-wo).

Traduzido por: Cláudia Avanzi