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A Alquimia Feminina: O Caminho Espiritual da Mulher – Parte IV: A Mulher Iluminada

Por: 13 de agosto de 2019 Sem comentários

Por Zulma Reyo. 

Existe uma grande diferença entre a maneira como mulheres e homens integram a espiritualidade. Devido à sensibilidade emocional da mulher, a experiência que reúne ao longo do caminho transfere-se para um estado de conscientização inteligente e holística e não sequencial.  Incorpora a experiência em sua totalidade. Por outro lado, a sensibilidade física e intelectual do homem o leva a aprender através de formas e medidas. Reúne conhecimento como experiência conceitual estruturada. Ambos os gêneros alcançam a sabedoria, mas as qualidades e experiências são muito diferentes. É por isto que para compreender o caminho espiritual feminino não podemos nos prender às insistentes e habituais preocupações com aparências e procedimentos. Temos que nos concentrar nos aspectos vivos da transmissão com os quais vive a mulher em eterno presente.

 

O PROPÓSITO DA ESPIRITUALIDADE

Alquimia implica na combinação de fogo e água, na união do espírito com a natureza humana. A primeira etapa do caminho espiritual trata da integração entre corpo e emoções. A segunda e a terceira etapas tratam da fusão da Consciência com a Forma. A abordagem de cada gênero acontece a partir do uso apropriado da sua polaridade, o que invariavelmente conduz à transcendência, à realização e à não dualidade.

No caminho espiritual, é preciso nadar contra a corrente da crença popular e trazer um novo caminho: o caminho do humano divino em mundos alternantes. Em outras palavras, viver a beleza que intuímos em nosso interior. A meditação traz alívio em meio ao caos estressante que vivemos nesta transição. Ainda que a meditação seja espiritual, a prática em si não é a espiritualidade. As atuais necessidades espirituais apontam para um trabalho consciente no mundo. Como já eu disse antes (na série Conheça-te III, IV, V), “a Consciência expande-se e a Matéria evolui”.

Enquanto o homem deve confrontar seus imperativos físicos e mentais para subjugá-los, a mulher deve trabalhar arduamente com sua natureza emocional. Os excessos se manifestam nos gêneros como intelectualidade (principalmente nos homens) e como várias formas de percepção sentimental (principalmente nas mulheres). Em um mundo melhor, a qualidade masculina de viabilizar a forma faz um paralelo com a faculdade feminina de impregnar qualidades, considerando que os temas do poder pessoal e da ética tenham sido incorporados.

Como seres humanos, estabelecemo-nos sobre padrões energéticos, vinculados a padrões globais fixados por texturas emocionais culturais que determinam a percepção. O propósito mais elevado da espiritualidade é o de influenciar os padrões globais, abrindo espaços, níveis e qualidades de percepção. Para um homem, a percepção confunde-se com um processo de avaliação. Para uma mulher, a percepção vincula-se a um sentimento pessoal. Ocorre, então, a transmutação ativa da estrutura humana, para além de ideias ou sentimentos, visando alcançar a experiência direta da qualidade.

Se definirmos o caminho espiritual como aquele no qual se reúne dados com sabedoria, absorvendo, processando, avaliando, abraçando e incorporando de diferentes maneiras que alteram o ritmo e a estabilidade de padrões energéticos, deduz-se que a humanidade seja sua transmissora. Uma pessoa espiritual converte-se em um transmissor e, como célula planetária, catalisa a transformação do planeta. O corpo feminino e o corpo masculino funcionam de maneiras diferentes facilitando o desenvolvimento espiritual do todo.

 

CARACTERÍSTICAS FEMININAS

O corpo de uma mulher reverbera com a Terra

A maestria sobre o corpo proporcionará à mulher o domínio sobre todas as coisas da terra, sob os aspectos biofísicos, elétricos e magnéticos. Não é necessário recorrer a fórmulas mágicas, instrumentos, cálculos ou aparatos científicos para comandar os espíritos e os elementos da natureza. Ao conhecer seu corpo, a mulher entra profundamente na linguagem das células e dos elementos, iluminando e dissolvendo, discernindo e discriminando, fundindo e coordenando. A inteligência dos seus sentidos em coordenação com sua mente peculiar sabe o que é correto e o que é incorreto.

O senso de justiça não requer aprovação ou aplicação. Está focado em prioridades éticas que fundamentam a harmonia universal. Uma mulher sabe disto pela ressonância em seu corpo. O correto equivale ao que é apropriado, justo e valoriza a totalidade.

Os sentimentos de uma mulher fluem e qualificam correntes de vida.

O caminho exige da mulher que abrace a linguagem da criação, a emoção nostálgica dos ritmos de amor, que adquira conscientemente habilidades para atrair e para repelir, para comungar com a vida, honrando suas próprias emoções. Qualquer emoção aparentemente discrepante responde a uma necessidade e requer um toque especial. A mulher ocupa-se de tudo e responde a tudo.

A mulher aprende a jogar malabares, modular e alterar suas próprias frequências qualificadoras, adaptando-as ao que seja necessário. Reequilibra e requalifica tudo ao seu redor, preenchendo de vida ou conduzindo à obscuridade de origem. Está familiarizada com um espectro infinito de emoções, da perfeição à imperfeição. Todas as voltagens dos sentimentos estão sob seu comando.

A inteligência feminina reflete uma ordem superior

Através da comunhão com os ritmos universais, a consciência da mulher trabalha como percepção magnética que ressoa com a matéria e para além da matéria. Sua percepção ocorre de três maneiras diferentes: pelo primeiro centro, o centro básico, une-se às pulsações da terra; pelo terceiro centro, o plexo solar, alinha-se às vibrações dos pensamentos e dos jogos de poder ao seu redor; e pelo quinto centro, o laríngeo, reverbera com a origem da Criação.

Sendo o próprio vazio, a mulher compartilha da ordem não racional da natureza e do universo trabalhando em ciclos afinados com o espaço curvilíneo. Sua inteligência é simultânea e vincula-se a tempo e espaço.

A segunda etapa do desenvolvimento tem início no coração, onde a mulher conhece a autenticidade do seu compromisso original. O coração é o ponto de encontro de forças que vêm dos centros superiores e das que vêm desde a base. É a posição da guerreira que confia em sua capacidade. Na mulher, a energia do coração exige que empregue a razão com o uso de sensibilidade profunda.

No que diz respeito à crença popular sobre o desenvolvimento da mulher, o nível de consciência alcançada até aqui reflete a expectativa de uma mulher espiritual. Está empoderada para expressar-se no mundo enquanto mantém certo grau de receptividade mística e calor emocional típico de seu gênero. Isto a mantém equilibrada e conectada com as realidades espirituais. Considerando que as mulheres verbalizavam pouco no passado, temos poucos registros de tais experiências.

A passagem do primeiro para o segundo nível de consciência resulta em uma mudança natural de interesses que passam do âmbito pessoal para o coletivo. A mulher deve, então, explorar totalmente o processo de seus desejos pessoais para ativar e, em seguida, dominar suas aptidões. De considerar-se o centro do mundo, a mulher passa a ter o mundo como seu centro.

A SEGUNDA ETAPA: a mulher como força planetária

A mulher passa para a segunda etapa de consciência quando suas necessidades físicas e psicológicas não mais a controlam. Encontra-se no auge do seu poder, capaz de sentir e manejar vários aspectos de um mesmo tema.

É natural que uma mulher coloque seus atos, emoções e intelecto a serviço do amor. No ciclo atual, seu ideal está alinhado com o lar e a família. Níveis intensificados de sensibilidade e consciência que se estendem para uma realidade coletiva maior definem a segunda etapa que começa no coração.

Depois de alcançar o ápice do coração, a mulher submerge em profundidades abissais durante a fase seguinte para alcançar espaços do não saber onde a loucura a ronda a todo o momento. A comunhão interior e a total falta de reconhecimento do mundo exterior podem durar muito tempo. Durante esta fase, ela descobre o valor da introspecção como a comunhão com fatores formadores do universo. Ao colocar-se em contato com sons, vozes e realidades sutis que a fazem parecer vacilante, desorientada e ausente, ela poderá também contatar realidades angélicas e mestres interiores.

As capacidades não lineares da mulher, que causaram todo tipo de insegurança e inferioridade no passado, agora, finalmente, dão frutos. Ao percorrer esta última passagem obscura do seu desenvolvimento no centro laríngeo, suas percepções nebulosas adquirem forma e significado. Do mesmo modo que ela gesta a vida física, também dá forma a correntes e qualidades infinitas e invisíveis que se encontram no núcleo da matéria e da Consciência. Pode dar sentido às forças caóticas da Criação e converter-se em canal autêntico, salvaguardando tudo o que abraçou pelo caminho. Atingiu uma visão multidimensional.

Durante a primeira etapa, as emoções eram importantes e converteram-se na força de discriminação do seu coração. Agora, a sutileza necessária não está relacionada às dimensões físicas. Se o domínio sobre as habilidades emocionais e mentais foi alcançado satisfatoriamente, as influências do baixo astral poderão ser filtradas, possibilitando a distinção correta entre a realidade espiritual e a psíquica.

Gradualmente, eleva-se desta condição ao vincular as forças do passado com as possibilidades que vê no futuro. Começa, então, a exercer estas habilidades que serão fundamentais para o desenvolvimento da terceira etapa. A terceira etapa culmina com a plena ativação do terceiro olho, cuja polaridade é positiva. Você se converterá em uma autêntica visionária que desenvolveu seu intelecto corretamente e de forma equilibrada, podendo comunicar esta verdade para o mundo.

TERCEIRA ETAPA: força cósmica

Neste momento, a mulher se realizou e tornou-se inspiração e alimento, mestra e visionária. Agora, em contato com as forças sutis de cada um dos seus centros e habilidades, emerge como a sacerdotisa, vínculo ativo e consciente entre os mundos. A criatividade e a criação fundem-se nela.

Nesta fase, o centro coronário (de polaridade receptiva) abre-se em todo o potencial. Torna-se consciente da menor variação de ritmo, ativando antenas cósmicas que, com o centro localizado na garganta, atinge profundidade cósmica, e o terceiro olho, com a visão universal, torna-se um instrumento perfeito. Assim, está feito. Não há mais nada a “fazer”. Tudo flui dentro e através dela. Ao invés de retirar-se da sociedade, como ocorria no passado, agora, pelo processo de atração, ela traz ao mundo as forças com as quais comunga da maneira mais prática possível.

Os poderes da mulher nunca são uma declaração de privilégio pessoal. Dão e afirmam a vida, envolvendo a vontade de ser em lugar da vontade pessoal. Sua tarefa como ser iluminado implica em colocar as coisas na ordem correta, do ponto de vista qualitativo. Ajusta todos os elementos da vida e dos espaços nos quais se desdobram.

Qualquer que seja a etapa espiritual da mulher, quando é genuína, nunca é óbvia nem pretensiosa. A altura e a profundidade são internas. Está estabelecida a relação íntima com forças pessoais, planetárias e cósmicas que oferecem seus frutos a toda a humanidade – seus filhos.

 

OBSERVAÇÃO: Para mais informações sobre o desenvolvimento paralelo dos gêneros e os gráficos das polaridades, veja o e-book “CAMINOS PARALELOS” no link http://www.lamujerinterior.es/caminos-paralelos/

Tradução: Claudia Avanzi