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Conheça-te III: As Emoções

Por: 28 de agosto de 2017 Sem comentários

Por: Zulma Reyo (originalmente publicado em lamujerinterior.es)

De onde vêm as emoções? Para onde vão? Como nuvens, surgem do nada e se dissolvem com qualquer rajada de vento ou raio de sol. Não podemos tocá-las ou vê-las e, mesmo assim, nos afetam profundamente. O que é emocional para uma pessoa, não o é para outra. A sensação de areia movediça que produzem é capaz de nos confundir e absorver em corpo e mente, sem aviso, arrastando-nos a lugares profundos e obscuros que preferiríamos evitar. Mas, as emoções não são sempre negativas; elevam e transformam nosso humor de um segundo para outro. São o núcleo da inspiração e da cura.

Não se pode impor controle sobre o reflexo emocional. A sensação produzida pelas emoções poderá ser alterada por meio de práticas com a respiração, mas voltará, invariavelmente, a menos que nos dirijamos à raiz. A maioria das pessoas evita o processo penoso e prefere perseguir a ilusão de que algum modo desaparecerá.

Todo ser vivo emana emoções em resposta às condições que o rodeiam. Uma emoção catalisa ondas poderosas de energia vital que fazem soar o alarme de prazer ou de perigo dentro de nós e, então, se aloja na memória celular do corpo para sempre. Nossa psique as catalisa e o corpo é seu portal. Algumas emoções são retornos puramente físicos, pela maneira como nosso corpo responde a certos lugares, condições, coisas e pessoas.

Sentimos as emoções como realidade física e mental. A maioria de nós não pode disfarçá-las; inclusive, o mais habilidoso não pode escondê-las de si mesmo. Poderão passar despercebidas na superfície, mas corroem nosso interior e fazem estragos com nossas faculdades de percepção e comunicação.

O que ocorre? Em um instante, esta coisa incorpórea, sem nome, adquire peso e ocupa espaço, calibrando o sistema nervoso com sensações e mobilizando a mente para elaborar significados. As emoções necessitam do corpo físico como terreno e alimento. Uma vez vinculadas ao pensamento, apropriam-se da dinâmica da mente. O intangível torna-se tangível e definido; agora, poderá ser amplificado e direcionado, tal como os pensamentos obsessivos. Como resultado da união do corpo com a mente, vórtices imperiosos nos envolvem em um clima que turva a realidade existente e determina qualquer outra. Nutre-se dos registros do passado e das possibilidades futuras imaginadas.

Fora do corpo físico, as emoções poderão ser detectadas como pulsações ou ondas de energia livres emitidas por seres viventes. Os animais respondem a elas instintivamente; sentem o cheiro, particularmente as fortes como o medo e a ira. Para eles, estas duas emoções são a mesma coisa. Na realidade, as emoções não se distinguem muito umas das outras. Ainda que sua intensidade seja parecida, a interpretação individual sobre elas lhes outorga conotações diferentes.

A vida é composta por movimentos oceânicos e qualidades de força em graus e matizes de poder infinitos que nos inundam e transpassam. Assemelham-se a emissões de ondas. São ritmos curtos, médios e de grande distância que afetam outros corpos, obrigando-os a adaptar-se a uma grande variedade de frequências. Eles nos ensinam flexibilidade, geração de momento e controle de qualidade. Escrevemos os capítulos das nossas vidas por meio deles.

No que concerne às emoções, os seres humanos incorporam uma dicotomia curiosa. Nosso apego e identificação com o corpo e a mente, como parâmetros concretos da existência, faz-nos ansiar pelo seu oposto como perigo, confusão e perda de controle. Mas, onde valorizamos um, desvirtuamos o outro. Ao insistir em detalhe, especificidade e programação, ao mesmo tempo, entregamo-nos vorazmente à incerteza e à imprevisibilidade, principalmente nos relacionamentos, no sexo e nos jogos de azar. Estas experiências comuns vêm carregadas de emoções que desequilibram diretamente o corpo. Nós nos queixamos, mas queremos mais.

As emoções são condimento. Para as mulheres, elas são a substância da vida; para os homens, são a cenoura que incita seu apetite para a Missão Impossível. As emoções podem ser reprimidas, controladas, mas não podem ser aniquiladas.

Tão efêmeras quanto uma miragem, medimos seus efeitos, mas não as emoções diretamente. Para todos os efeitos, não são reais, não têm massa, forma ou significado para ninguém mais além do sujeito. As mulheres são especialmente hábeis com elas. Nossos radares as captam instantaneamente. Prosperamos com elas, as direcionamos e aperfeiçoamos. Os homens não são capazes de produzi-las ou insistir nelas; na verdade, são perfeitamente capazes de ignorá-las.

Os circuitos energéticos dos homens e das mulheres funcionam de maneira diferente. O corpo de uma mulher é receptivo, mas sua polaridade emocional é intensa e dinâmica. Cada sutileza do ambiente afeta a mulher aberta ou subliminarmente de maneira intensa. Suas reações são instantâneas: o corpo responde antes do que a mente. Na maioria das vezes, as reações a oprimem. Não importa se uma mulher tem mais ou menos controle sobre suas reações emocionais, ou se é suficientemente educada para demonstrar que não está sendo afetada, ou se recorre rapidamente a argumentos refinados. Tudo isto é irrelevante ao tipo de forte emissão que ela irradiará de qualquer modo. E qualquer que seja o mecanismo, esteja certo que não passará despercebido para outras mulheres.

Os homens tendem a ter menos consciência das emoções e também a ter maior controle sobre suas respostas emocionais. Não que sintam menos, mas o gatilho é outro. Sua realidade é tangível e verbal. As percepções estão principalmente conectadas ao concreto e ao específico. As emoções causam flashes de pensamentos que rapidamente mobilizam seus corpos para a ação e suas mentes a procurar contextos. Surge uma associação instantânea entre o pensamento e a sensação que se traduz na matéria das emoções. Em vez de uma sensação nebulosa permanente que invade a pele e a atmosfera, como ocorre com as mulheres, as emoções dos homens se relacionam com causa e efeito. Podem ser etiquetadas e manejadas, traduzidas em gradações de utilidade e estruturas complexas.

Aparentemente, as mulheres permanecem em um nível difuso de sensações ambivalente, incapazes de dissimular, sublimar ou ignorar completamente a infinidade de percepções e possibilidades criadas pela nossa constituição física e mental magnética. O tipo de controle emocional que funciona para os homens, não funciona tão bem para as mulheres.

O controle emocional para uma mulher está baseado no manejo consciente da força física ao invés de mental. Deverá distinguir suas sensações dos sentimentos, seus impulsos das reações e aprender o controle da respiração e dos movimentos. Ela deverá estabelecer intimidade com os ritmos e a linguagem do seu corpo, aprendendo a comungar com forças não verbais dentro de si e ao redor de maneira tão natural como uma conversa com amigos (veja segmento “Exercícios” no livro “La Mujer Interior”).

É muito importante que as mulheres respondam sem julgamentos, sem reverter a categorização, que é o modo principalmente masculino de lidar com as emoções. As emoções somente poderão ser transcendidas ou sublimadas: ambas as maneiras implicam em resgatar a força contida nelas por meio da experiência direta.

É extremamente difícil ser imparcial com nossas crenças e julgamentos. É mais fácil para uma mulher alcançar a neutralidade através do seu “sentir” do que para um homem alcançar a neutralidade através dos seus pensamentos. Ele deverá debater em um labirinto de conceitos e ideias que jamais conheceram a emoções. É importante compreender a diferença já que as mulheres tem a tendência de nos convencer que temos que ser “razoáveis” e, no processo de tentar, arriscamos a sensibilidade natural que nos vincula com a vida em todos os níveis. O mecanismo de uma mulher é formado automaticamente entre e por meio de sinapses cerebrais e circuitos nervosos. Chegamos a conclusões porque sentimos que são justas e não porque pensamos sobre elas.

Nossa sociedade enfatiza demais a análise. Nossa percepção permanece polarizada sob um regime de raciocínios que equivale à liderança masculina. Acreditando que podemos dominar as emoções por meio do controle mental, falhamos repetidamente. Se em vez de dissecar, abraçarmos, como o fazem as emoções, como fazem as mulheres, descobriríamos uma solução libertadora.

A natureza das emoções é a mesma natureza do universo onde as causas e reverberações siderais ocorrem continuamente coincidindo umas com as outras. As emoções poderão ser compreendidas por meio da inclusão da dualidade que incorpora nosso modelo humano atual. As emoções assemelham-se ao movimento da Consciência. Nas mulheres isto ocorre por meio da nossa faculdade sensível já acostumada às marés e redemoinhos perpétuos. Transcender as emoções é elevar-se em Consciência além do alcance do determinismo tridimensional.

As emoções nos obrigam a confrontar a nós mesmos como sendo uma fagulha insignificante no panorama maior de contínuas espirais orquestradas. Esta falta de significado deverá ser compreendida sob a luz mais positiva como grandeza e magnificência. Uma emoção como a Realidade, não pode ser compreendida, somente vivida.

As emoções têm início em uma fonte envolvente e singular; representam a força de coesão para a qual responde cada partícula, o que chamamos de Amor. Por trás de cada uma delas, está a força da inspiração e da cura que nos faz recordar da nossa origem.

 

Tradução: Claudia Avanzi