Artigos – Alquimia Brasil https://alquimiainteriorbrasil.com.br Fri, 08 Dec 2023 19:19:02 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.9.25 https://alquimiainteriorbrasil.com.br/wp-content/uploads/2018/10/cropped-favicon-32x32.png Artigos – Alquimia Brasil https://alquimiainteriorbrasil.com.br 32 32 Bem e Mal / Luz e Escuridão https://alquimiainteriorbrasil.com.br/bem-mal-luz-escuridao/ Tue, 19 Nov 2019 19:57:14 +0000 http://alquimiainteriorbrasil.com.br/?p=6515 Por Zulma Reyo. (Com base em uma carta escrita a um aluno há vários anos)

Tudo é uma questão de perspectiva.

Existem duas maneiras de encarar a vida. Podemos vê-la através de uma perspectiva linear, do modo como nossas mentes pensantes funcionam, ou podemos percebê-la holisticamente, do modo como o espírito funciona, isto é, em termos de simultaneidade.

Quando se trata de nós mesmos e de nosso mundo, damos importância aos pensamentos e valorizamos as emoções. Tudo tem um rótulo, em algum local na faixa do bem e do mal, do claro e do escuro. Analisando e decodificando de modo consistente, de acordo com o intelecto, pouco se sabe sobre como o espírito percebe e avalia. Em vez de sensibilidade ampliada, busca-se sequência e significado.

Quando consideramos a nós mesmos apenas em termos de matéria, limitamo-nos ao mundo físico, à identidade, à personalidade e à vasta gama de preferências, projeções e interpretações pessoais em um mundo consensual.

Se nos consideramos espírito, surge outra perspectiva. Nesse caso, tudo é unicidade em uma realidade experiencial que não dá importância à distinção, mas à qualidade. Não há luz + escuridão; o “+” é revelado como uma elaboração da mente linear. A escuridão é a ilusão de uma personalidade que constantemente avalia e separa aspectos de um todo, semelhante a um diamante multifacetado que é considerado incômodo. Atua por exclusão. A “escuridão” surge da necessidade humana que busca um contraste.

Esquecemos que a personalidade é uma criação, um instrumento. O egoísmo da personalidade domina, até a Consciência se desenvolver, trazendo clareza de sensibilidade. Nesse ponto, todos os significados relativos à “escuridão” (implicando “negatividade”) surgem para que sejam revistos. Para o Espírito, a escuridão é a natureza do todo, o pano de fundo da Criação. Ele vê as trevas humanas como um artifício criado por si mesmo que promove maior tensão, importância pessoal e o poder pessoal.

Se nos permitimos perceber tudo e qualquer coisa de forma neutra, detectamos camadas de atividade simultânea, cada qual anunciada pelo processo de pensamento que impõe ordem e significado. Em seguida, tomamos consciência do conteúdo e, imediatamente, de como nossa inteligência atua como um centro de projeção, “fazendo” (atuando). Se pudéssemos deixar de lado o fascínio pela identificação e catalogação e nos concentrássemos na dinâmica por trás do pensamento, poderíamos notar que o que chamamos de pensamento é realmente uma projeção criativa. Sendo assim, outro tipo de “pensamento” surge.

 

Se formos capazes de “suavizar” nosso foco mental e visual sem perder a consciência, como às vezes fazemos quando algo nos é revelado (em vez de olhar para o exterior), uma atitude de transparência e clareza desponta. A atenção se volta para o interior, para o Eu. Poderemos então ver e sentir, sob a perspectiva do espírito aliado à identidade pessoal. Essa é a postura do alinhamento natural. Leva apenas um segundo para fazer e séculos para entender, se é que acontece.

Não há luz + escuridão no pano de fundo da realidade. A pessoa enxerga tudo de forma clara, percebendo a totalidade, sendo ainda consciente de suas partes; apenas sem julgamento. A luz e a escuridão se apoiam em um jogo interminável de forças. A personalidade se torna um instrumento receptivo em vez de uma força motriz externa.

Só e tão somente se mudarmos a maneira automática de perceber em tons claros e escuros, bons e ruins, começará o verdadeiro trabalho de construir uma personalidade digna de transmitir o Eu. Com ela, virá também a percepção neutra e inclusiva: uma postura que abre o caminho para o aprendizado superior e o verdadeiro poder em níveis sempre sutis.

Tradução: Sueli Valades

 

 

 

 

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A Ética https://alquimiainteriorbrasil.com.br/a-etica/ Mon, 30 Sep 2019 17:51:56 +0000 http://alquimiainteriorbrasil.com.br/?p=6512 Por Zulma Reyo. 

Para falar sobre espiritualidade temos que considerar o mundo subjetivo das pessoas, começando pelo nosso. As experiências do indivíduo se estendem da consciência psicológica autoenvolvente até as respostas sutis que reverberam com uma existência maior. A subjetividade é o nexo da sensibilidade que decodifica estas respostas sutis sem distinguir de onde elas vêm. Representa o ponto preciso onde nossas relações com as outras pessoas e com o ambiente alcançam a maior participação com toda a vida. Nossa interpretação das sensações e das emoções resultantes determina o campo da ética que permeia todas as nossas criações.

A ética não é aprendida. É parte da nossa essência como resposta humana. Existem mandamentos impostos ao comportamento que, no entanto, somente substituem a experiência do contato mais profundo que oferece a compreensão e a compaixão, ingredientes necessários para a expressão genuinamente humanitária.

A série que escrevi em quatro partes sobre os fenômenos das formas-pensamento mostra como construímos nossa realidade pessoal e coletiva segundo as crenças coloridas pelo sentimento. Agora, temos que compreender a qualidade ética das ressonâncias que projetamos ao construir nosso mundo em comum.

É recorrente, no mundo espiritual, falar-se sobre resistência passiva como maneira ética de lidar com o mundo, sem realmente compreender o egoísmo que, muitas vezes, está camuflado nesta atitude. Originalmente, o conceito se baseou em um código restrito à conscientização individual transferida para a expressão social. Em geral, o ocidental não observa nem um nem outro aspecto. O campo energético de influência que emitimos é repleto de medo, orgulho, arrogância e autopiedade que surgem de crenças extraídas da convivência entre as pessoas.

No coletivo, ultrapassamos o limite onde o refinamento ético poderia surgir espontaneamente. Atingidas as proporções monumentais do materialismo míope que alcançamos, a redenção poderá ocorrer a partir da atenção e cuidado individuais, na reeducação subjetiva e na sensibilidade.

Por exemplo, nosso modelo de realidade está baseado em percepções distorcidas, condicionais e sensoriais. Quando o contato com o mundo é tão restrito, não podemos perceber as sutilezas subjacentes que ficam fora das nossas expectativas. A participação social está contaminada por regras e regulamentos, imposições e inversões, enquanto a maioria das sutilezas é ignorada ou considerada irrelevante. A correção para isto implica em reverter o processo, ou seja, dar mais importância para a relação interna com a existência. É natural que estendamos a mesma qualidade de sensibilidade ao nosso círculo imediato.

A ética requer apreciação e a apreciação revela a atividade coesiva da sensibilidade. Se alguma vez nos permitimos ter a experiência da vulnerabilidade com uma criança ou animalzinho, na natureza ou pelo contato com o sol e os elementos, teremos tido a capacidade de sentir e perceber a qualidade da vida, incluindo o tipo de afinidade ou proximidade que sentimos com o outro. Mas, muitas vezes não recorremos à nossa sensibilidade por estarmos movidos pelo impulso, imediatismo e conveniência.

Tudo funciona em uníssono. Quando a pressão e a eficácia nos motivam, congestionamos os delicados filamentos de ressonâncias ao nosso redor com nossas próprias tensões. Para realmente ver, temos que abrir-nos ao que estamos contemplando. Isto quer dizer “vulnerabilizar-se”. Em tal estado, sabemos que temos a capacidade de alterar, modular, desarranjar ou elevar a vida porque estamos agindo em parceria com ela neste momento. Nada tem importância.

Nossos medos e tensões ferem a vida irreversivelmente. Momentos perdidos não podem ser recuperados… quando “tivermos tempo”. Arrepender-se é completamente inútil e a atenção fica presa à autocomiseração ao invés de focalizar o valor espiritual. A ideia de que podemos reformular a vida não é somente infantil, é materialista e estreitamente vinculada à crença de que podemos “comprar” o que seja com encantos, dinheiro ou influência. E que nossa relação com o aspecto divino da vida envolve o mesmo tipo de negociação.

Somos doadores de forma e criadores de valores. Condicionamos a qualidade. A matéria do nosso mundo é a textura coletiva. Como recebemos de acordo com a nossa capacidade de receber, emitimos de acordo com nosso interesse. Ninguém está isento de retribuição. Perpetuamos padrões destrutivos de insensibilidade cada vez que falamos ou deixamos de falar, cada vez que não reservamos tempo para pensar, sentir e responder de acordo com nossa consciência. Cada vez que paramos para sentir espontaneamente, doamos graça à vida. A ética revela a delicada natureza deste mundo. Reflete a qualidade de ressonâncias materiais que emitimos em harmonia com a vida.

Pode parecer estranho, mas causamos danos consideráveis com nossa inatividade quando escolhemos o caminho covarde da fácil escapatória e evitamos confrontos que requerem o uso da força ou da vontade que poderiam resultar em inconveniência para os outros e macular nossa imagem. A ética requer autenticidade e individualidade. Nós nos vendemos à opinião pública e à pressão da sociedade, dos pais e dos nossos semelhantes. É mais cômodo inibir a ação pessoal e deixar que as ondas incomodas da discórdia se voltem para “outra parte”, contaminando mais profundamente as condições ambientais e os corpos da humanidade.

Não é mesmo nada bonito. Não é nada ético. Dizemos que a ecologia somente tem a ver com o mundo físico e ignoramos o fato de que construímos continuamente a realidade com a qualidade pouco apropriada dos nossos pensamentos e sentimentos. Ficamos paralisados pelas sombras ilusórias do medo, pelo legado de mil anos de controle sacerdotal e não fazemos nada para mudar.

A aceitação cega de modalidades de “respeito” pelos interesses e pela privacidade dos outros encobre o medo de confrontação da realidade perigosamente tóxica que fomentamos pela nossa inatividade. Pisoteamos o que para nossa alma é verdadeiro e justificamos nossa covardia vergonhosamente. Enquanto isto, continuamos a apregoar valores que não vivemos.

A ética é a essência da espiritualidade. A espiritualidade começa no momento que abrimos nossos olhos pela manhã. Inclui os processos internos do pensamento e da emoção, assim como a expressão a cada instante. Está presente em cada olhar, no toque e na nossa consideração do ambiente. Estas são muito mais importantes do que as práticas de meditação que não podem limpar a toxicidade que geramos e que nos segmentam ainda mais, dando uma falsa pretensão de espiritualidade. Somente nossa criação ativa de formas-pensamento éticas e a comunicação consciente poderão reverter a degeneração progressiva dos nossos valores. Pensando, falando e agindo eticamente.

De que valem as boas maneiras se não nos comunicamos de verdade a partir da nossa sensibilidade? Como mudar o mundo se não nos damos ao trabalho de ensinar ao outro o que é possível? Ser uma boa pessoa já não pode ser secreto ou anônimo. Aderir a princípios espirituais implica em comunicar a verdade superior em condições agradáveis e, muitas vezes, em condições nem tão agradáveis. Cada um compartilha a responsabilidade, mas nem todos se sensibilizam o suficiente para comprometer-se em reorganizar a realidade imediata que os rodeia.

Temos que nos importar o suficiente para dizer ao nosso irmão ou irmã, mãe, pai ou filho quando estão sendo insensíveis e antipáticos. Ou dizer ao marido que está sendo injusto e míope. Ou dizer à esposa que está sendo manipuladora e egoísta. E desmascararmos uns aos outros das pretensões de sermos santos. Mas, como carregamos muita pressão acumulada, a verdade se expressa envolta em raiva e autopreservação. Totalmente desnecessário. Por isto, é uma boa ideia praticar a verdade a cada momento.

As condições funcionam com o efeito bumerangue. A força que impulsiona o pensamento é a força que retorna. A ética, ou falta dela, é o que condiciona o poder que cria ou destrói de acordo com a qualidade e o grau da nossa intenção, seja em uma consideração distante ou em um envolvimento amoroso.

Tradução: Claudia Avanzi

 

 

 

 

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A Alquimia Feminina: O Caminho Espiritual da Mulher – Parte IV: A Mulher Iluminada https://alquimiainteriorbrasil.com.br/alquimia-feminina-parte-iv/ Tue, 13 Aug 2019 17:38:20 +0000 http://alquimiainteriorbrasil.com.br/?p=6490 Por Zulma Reyo. 

Existe uma grande diferença entre a maneira como mulheres e homens integram a espiritualidade. Devido à sensibilidade emocional da mulher, a experiência que reúne ao longo do caminho transfere-se para um estado de conscientização inteligente e holística e não sequencial.  Incorpora a experiência em sua totalidade. Por outro lado, a sensibilidade física e intelectual do homem o leva a aprender através de formas e medidas. Reúne conhecimento como experiência conceitual estruturada. Ambos os gêneros alcançam a sabedoria, mas as qualidades e experiências são muito diferentes. É por isto que para compreender o caminho espiritual feminino não podemos nos prender às insistentes e habituais preocupações com aparências e procedimentos. Temos que nos concentrar nos aspectos vivos da transmissão com os quais vive a mulher em eterno presente.

 

O PROPÓSITO DA ESPIRITUALIDADE

Alquimia implica na combinação de fogo e água, na união do espírito com a natureza humana. A primeira etapa do caminho espiritual trata da integração entre corpo e emoções. A segunda e a terceira etapas tratam da fusão da Consciência com a Forma. A abordagem de cada gênero acontece a partir do uso apropriado da sua polaridade, o que invariavelmente conduz à transcendência, à realização e à não dualidade.

No caminho espiritual, é preciso nadar contra a corrente da crença popular e trazer um novo caminho: o caminho do humano divino em mundos alternantes. Em outras palavras, viver a beleza que intuímos em nosso interior. A meditação traz alívio em meio ao caos estressante que vivemos nesta transição. Ainda que a meditação seja espiritual, a prática em si não é a espiritualidade. As atuais necessidades espirituais apontam para um trabalho consciente no mundo. Como já eu disse antes (na série Conheça-te III, IV, V), “a Consciência expande-se e a Matéria evolui”.

Enquanto o homem deve confrontar seus imperativos físicos e mentais para subjugá-los, a mulher deve trabalhar arduamente com sua natureza emocional. Os excessos se manifestam nos gêneros como intelectualidade (principalmente nos homens) e como várias formas de percepção sentimental (principalmente nas mulheres). Em um mundo melhor, a qualidade masculina de viabilizar a forma faz um paralelo com a faculdade feminina de impregnar qualidades, considerando que os temas do poder pessoal e da ética tenham sido incorporados.

Como seres humanos, estabelecemo-nos sobre padrões energéticos, vinculados a padrões globais fixados por texturas emocionais culturais que determinam a percepção. O propósito mais elevado da espiritualidade é o de influenciar os padrões globais, abrindo espaços, níveis e qualidades de percepção. Para um homem, a percepção confunde-se com um processo de avaliação. Para uma mulher, a percepção vincula-se a um sentimento pessoal. Ocorre, então, a transmutação ativa da estrutura humana, para além de ideias ou sentimentos, visando alcançar a experiência direta da qualidade.

Se definirmos o caminho espiritual como aquele no qual se reúne dados com sabedoria, absorvendo, processando, avaliando, abraçando e incorporando de diferentes maneiras que alteram o ritmo e a estabilidade de padrões energéticos, deduz-se que a humanidade seja sua transmissora. Uma pessoa espiritual converte-se em um transmissor e, como célula planetária, catalisa a transformação do planeta. O corpo feminino e o corpo masculino funcionam de maneiras diferentes facilitando o desenvolvimento espiritual do todo.

 

CARACTERÍSTICAS FEMININAS

O corpo de uma mulher reverbera com a Terra

A maestria sobre o corpo proporcionará à mulher o domínio sobre todas as coisas da terra, sob os aspectos biofísicos, elétricos e magnéticos. Não é necessário recorrer a fórmulas mágicas, instrumentos, cálculos ou aparatos científicos para comandar os espíritos e os elementos da natureza. Ao conhecer seu corpo, a mulher entra profundamente na linguagem das células e dos elementos, iluminando e dissolvendo, discernindo e discriminando, fundindo e coordenando. A inteligência dos seus sentidos em coordenação com sua mente peculiar sabe o que é correto e o que é incorreto.

O senso de justiça não requer aprovação ou aplicação. Está focado em prioridades éticas que fundamentam a harmonia universal. Uma mulher sabe disto pela ressonância em seu corpo. O correto equivale ao que é apropriado, justo e valoriza a totalidade.

Os sentimentos de uma mulher fluem e qualificam correntes de vida.

O caminho exige da mulher que abrace a linguagem da criação, a emoção nostálgica dos ritmos de amor, que adquira conscientemente habilidades para atrair e para repelir, para comungar com a vida, honrando suas próprias emoções. Qualquer emoção aparentemente discrepante responde a uma necessidade e requer um toque especial. A mulher ocupa-se de tudo e responde a tudo.

A mulher aprende a jogar malabares, modular e alterar suas próprias frequências qualificadoras, adaptando-as ao que seja necessário. Reequilibra e requalifica tudo ao seu redor, preenchendo de vida ou conduzindo à obscuridade de origem. Está familiarizada com um espectro infinito de emoções, da perfeição à imperfeição. Todas as voltagens dos sentimentos estão sob seu comando.

A inteligência feminina reflete uma ordem superior

Através da comunhão com os ritmos universais, a consciência da mulher trabalha como percepção magnética que ressoa com a matéria e para além da matéria. Sua percepção ocorre de três maneiras diferentes: pelo primeiro centro, o centro básico, une-se às pulsações da terra; pelo terceiro centro, o plexo solar, alinha-se às vibrações dos pensamentos e dos jogos de poder ao seu redor; e pelo quinto centro, o laríngeo, reverbera com a origem da Criação.

Sendo o próprio vazio, a mulher compartilha da ordem não racional da natureza e do universo trabalhando em ciclos afinados com o espaço curvilíneo. Sua inteligência é simultânea e vincula-se a tempo e espaço.

A segunda etapa do desenvolvimento tem início no coração, onde a mulher conhece a autenticidade do seu compromisso original. O coração é o ponto de encontro de forças que vêm dos centros superiores e das que vêm desde a base. É a posição da guerreira que confia em sua capacidade. Na mulher, a energia do coração exige que empregue a razão com o uso de sensibilidade profunda.

No que diz respeito à crença popular sobre o desenvolvimento da mulher, o nível de consciência alcançada até aqui reflete a expectativa de uma mulher espiritual. Está empoderada para expressar-se no mundo enquanto mantém certo grau de receptividade mística e calor emocional típico de seu gênero. Isto a mantém equilibrada e conectada com as realidades espirituais. Considerando que as mulheres verbalizavam pouco no passado, temos poucos registros de tais experiências.

A passagem do primeiro para o segundo nível de consciência resulta em uma mudança natural de interesses que passam do âmbito pessoal para o coletivo. A mulher deve, então, explorar totalmente o processo de seus desejos pessoais para ativar e, em seguida, dominar suas aptidões. De considerar-se o centro do mundo, a mulher passa a ter o mundo como seu centro.

A SEGUNDA ETAPA: a mulher como força planetária

A mulher passa para a segunda etapa de consciência quando suas necessidades físicas e psicológicas não mais a controlam. Encontra-se no auge do seu poder, capaz de sentir e manejar vários aspectos de um mesmo tema.

É natural que uma mulher coloque seus atos, emoções e intelecto a serviço do amor. No ciclo atual, seu ideal está alinhado com o lar e a família. Níveis intensificados de sensibilidade e consciência que se estendem para uma realidade coletiva maior definem a segunda etapa que começa no coração.

Depois de alcançar o ápice do coração, a mulher submerge em profundidades abissais durante a fase seguinte para alcançar espaços do não saber onde a loucura a ronda a todo o momento. A comunhão interior e a total falta de reconhecimento do mundo exterior podem durar muito tempo. Durante esta fase, ela descobre o valor da introspecção como a comunhão com fatores formadores do universo. Ao colocar-se em contato com sons, vozes e realidades sutis que a fazem parecer vacilante, desorientada e ausente, ela poderá também contatar realidades angélicas e mestres interiores.

As capacidades não lineares da mulher, que causaram todo tipo de insegurança e inferioridade no passado, agora, finalmente, dão frutos. Ao percorrer esta última passagem obscura do seu desenvolvimento no centro laríngeo, suas percepções nebulosas adquirem forma e significado. Do mesmo modo que ela gesta a vida física, também dá forma a correntes e qualidades infinitas e invisíveis que se encontram no núcleo da matéria e da Consciência. Pode dar sentido às forças caóticas da Criação e converter-se em canal autêntico, salvaguardando tudo o que abraçou pelo caminho. Atingiu uma visão multidimensional.

Durante a primeira etapa, as emoções eram importantes e converteram-se na força de discriminação do seu coração. Agora, a sutileza necessária não está relacionada às dimensões físicas. Se o domínio sobre as habilidades emocionais e mentais foi alcançado satisfatoriamente, as influências do baixo astral poderão ser filtradas, possibilitando a distinção correta entre a realidade espiritual e a psíquica.

Gradualmente, eleva-se desta condição ao vincular as forças do passado com as possibilidades que vê no futuro. Começa, então, a exercer estas habilidades que serão fundamentais para o desenvolvimento da terceira etapa. A terceira etapa culmina com a plena ativação do terceiro olho, cuja polaridade é positiva. Você se converterá em uma autêntica visionária que desenvolveu seu intelecto corretamente e de forma equilibrada, podendo comunicar esta verdade para o mundo.

TERCEIRA ETAPA: força cósmica

Neste momento, a mulher se realizou e tornou-se inspiração e alimento, mestra e visionária. Agora, em contato com as forças sutis de cada um dos seus centros e habilidades, emerge como a sacerdotisa, vínculo ativo e consciente entre os mundos. A criatividade e a criação fundem-se nela.

Nesta fase, o centro coronário (de polaridade receptiva) abre-se em todo o potencial. Torna-se consciente da menor variação de ritmo, ativando antenas cósmicas que, com o centro localizado na garganta, atinge profundidade cósmica, e o terceiro olho, com a visão universal, torna-se um instrumento perfeito. Assim, está feito. Não há mais nada a “fazer”. Tudo flui dentro e através dela. Ao invés de retirar-se da sociedade, como ocorria no passado, agora, pelo processo de atração, ela traz ao mundo as forças com as quais comunga da maneira mais prática possível.

Os poderes da mulher nunca são uma declaração de privilégio pessoal. Dão e afirmam a vida, envolvendo a vontade de ser em lugar da vontade pessoal. Sua tarefa como ser iluminado implica em colocar as coisas na ordem correta, do ponto de vista qualitativo. Ajusta todos os elementos da vida e dos espaços nos quais se desdobram.

Qualquer que seja a etapa espiritual da mulher, quando é genuína, nunca é óbvia nem pretensiosa. A altura e a profundidade são internas. Está estabelecida a relação íntima com forças pessoais, planetárias e cósmicas que oferecem seus frutos a toda a humanidade – seus filhos.

 

OBSERVAÇÃO: Para mais informações sobre o desenvolvimento paralelo dos gêneros e os gráficos das polaridades, veja o e-book “CAMINOS PARALELOS” no link http://www.lamujerinterior.es/caminos-paralelos/

Tradução: Claudia Avanzi

 

 

 

 

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A Alquimia Feminina: O Caminho Espiritual da Mulher – Parte III: A Mulher Evoluída https://alquimiainteriorbrasil.com.br/alquimia-feminina-parte-iii/ Tue, 16 Jul 2019 15:45:42 +0000 http://alquimiainteriorbrasil.com.br/?p=6487 Por Zulma Reyo. Publicado originalmente em lamujerinterior.es

O PROCESSO

A percepção de um homem é horizontal e abstrata. A percepção de uma mulher é vertical e holística.

Há muito tempo, na Índia, disseram-me que a kundalini é um fenômeno masculino e que as mulheres não têm a possibilidade de vivenciar esta experiência. Passaram-se décadas de observação antes que eu pudesse compreender a razão desta afirmativa. No homem, a energia se desenvolve em intensidade e sutileza, abrindo-se uma passagem que progressivamente lhe permite sentir as qualidades da Consciência refinada, condicionada pelos centros energéticos – os chacras – localizados ao longo da coluna vertebral.

O processo de desenvolvimento da mulher é desorganizado, diferentemente da forma característica do homem. A menor distância entre dois pontos para uma mulher nunca é uma linha reta. A Kundalini não ascende na mulher. Ela explora e se expande simultaneamente pelo corpo e aura.

A mulher está em um estado constante de ignição e emanação. Mas, por estar sempre no centro da atividade, ela não tem consciência do efeito que produz. Cataliza muitos níveis de atividade por meio da sua dinâmica, do emocional ao mental e à inspiração espiritual. Da mesma forma que seu reflexo orgástico particular, a energia de uma mulher expande-se concentricamente. O caminho espiritual feminino é um fenômeno holístico que constantemente salta de nível. Assemelha-se aos mundos da Cabala: um nível sobre outro, ocupando o mesmo espaço, mas em frequências diferentes.

Uma mulher que inicia o caminho espiritual não sabe o que a espera e, em lugar de confrontar os atributos físicos e emocionais do seu gênero e a aspereza das condições em nosso mundo, frequentemente tenta escapar deste confronto. Em tal estado mental, ela produzirá, no máximo, uma ideia que se pareça com uma emoção agradável, mas não irá mais longe do que isto.

O caminho de uma mulher desenvolve-se diariamente em seu corpo, emoções, responsabilidades e respostas. Em tempos passados, ela entrava em um templo para ser formada em percepção, saindo anos depois para assumir sua posição no mundo. A mulher era considerada um instrumento vivo do espírito, como oráculo ou fonte de poder para sacerdotes, líderes mundiais ou, pessoalmente, para o homem da sua vida. As necessidades de hoje são diferentes, mas ela ainda continua presa a este precedente, sem, no entanto, possuir a formação. Atualmente, ela é capacitada pela vida.

Cedo ou tarde, a mulher que abraça a espiritualidade encontra-se mergulhada na humanidade e prepara-se para trabalhar diretamente no mundo. Está longe de ser flor delicada e frágil, incapaz de enfrentar os problemas. O fato de que, hoje, existam muitos homens e mulheres que acreditam que seu lugar é junto aos anjos nega o fato de que os anjos necessitam de corpos e mentes fortes para executar o trabalho. A mente de uma mulher pode estar mais afinada com os anjos e os homens estão mais vulneráveis sem ela.

Uma mulher tem que se adaptar ao mundo material e às suas necessidades, cultivando suas aptidões físicas, emocionais e mentais, considerando as dimensões sociais. Quando plenamente estabilizada em seu coração, poderá conduzir-se a um segundo nível de refinamento. Mais tarde, quando suas habilidades se expandam para catalisar maiores voltagens de tolerância e poder de sustentação, sua aptidão visionária se manifestará levando-a a exercer influência e liderança mais amplas no mundo que a rodeia.

A cada etapa, ela ascende um patamar no manejo de causa e efeito, probabilidades e possibilidades. Ao mesmo tempo, em cada fase, os chacras florescem em múltiplas manifestações, exigindo presença e atividade. Ao final, a mulher converte-se em uma ponte entre dimensões, trazendo o não manifestado e expressando impressões sem precedentes.

A mulher contém a chave para a harmonia e a chave para o caos. Seu desenvolvimento assemelha-se às camadas de uma cebola onde a parte interior corresponde ao centro do universo.

A seguir, discorro sobre as três etapas básicas do caminho espiritual feminino.

 

PRIMERA ETAPA:  A mulher evoluída

Em meu livro “A Mulher Interior”, os exercícios estão desenhados para começar pelo nível mais tangível do corpo físico para, em seguida, abordar todos os níveis de conscientização necessários para completar a sequência da primeira etapa, construindo assim a base para as etapas seguintes.

O desenvolvimento da mulher depende totalmente da sua opção, sensibilidade e capacidade.

A opção pelo caminho espiritual exige decisões difíceis. A primeira decisão está relacionada à zona de conforto. A mulher pode escolher um aspecto da espiritualidade que garanta seu status quo, facilitando o caminho para conseguir o que acredita ser o que quer da vida. Ou poderá escolher ouvir a voz interior que a conduzirá para além das preferências do mundo. Esta segunda opção a leva a se sustentar sozinha em seus próprios pés e isto é extremamente difícil para a mulher.

Decidir por si mesma implica em manifestar as condições para ver, sentir e saber diretamente. Sobretudo, implica em compreender a programação mental a qual estamos sujeitas. A opção por maior autenticidade será o motor que a guiará e refinar suas emoções será o maior desafio.

Uma mulher deverá refinar seus impulsos emocionais sem reprimi-los. Falei muito sobre isto em meus primeiros artigos. Procedimentos típicos requerem a cura de feridas resultantes de sexualidade equivocada e a construção de uma excelência mental, manejando pensamentos e abstrações tão bem como qualquer homem. A mulher não pode mais se dar ao “luxo” de sentar-se passivamente e “não saber” o que ocorre em seu mundo e na sociedade em que vive. Não pode mais contentar-se em sentir-se “bem” ou “virtuosa”. Deve comunicar e ensinar o que percebe e sustentar o que percebe como verdadeiro. Isto requer cura, estabilização e fortalecimento dos centros inferiores.

Enquanto adquire maior consciência de seu poder interior e da conexão do seu centro com as forças que exerce, progressivamente é despertado um senso de ética e de comunidade.

FORMAÇÃO:

Toda a expressão energética tem origem na vitalidade física e consome vitalidade física. Como passo básico para o autodiagnóstico ou a avaliação de uma situação, a mulher deve aprender a distinguir em si a sensação física, a sensação emocional e a sensação mental.

Os exercícios de respiração proporcionam um foco não linear de atenção. Ao verificar a sensação durante a respiração, a mente visual automaticamente ativa regiões de maior ou menor concentração, estendendo a energia, neutralizando e equilibrando as diferentes partes até que esteja bem distribuída. Isto deve se converter em uma prática padrão de neutralização.

Normalmente, a mente condiciona toda a forma energética, criando contexto e dando-lhe significado. Uma grande parte da formação requer que a mulher controle o processo automático de etiquetar que interfere na observação. Durante esta operação, a mente deverá permanecer neutra, focada na sensação mais do que em seu significado. Trata-se da qualidade e da intensidade da sensibilidade, sem descrição, motivação ou propósito anterior. É o terreno básico para todo seu processo e atuação no mundo.

Outra parte da aprendizagem durante esta fase é descobrir a ação recíproca de nossos pensamentos e sensações. Conscientizamo-nos de como pensamentos construtivos atraem bem estar e como a negatividade produz incômodos e doenças, para nós e para o nosso mundo.

Vamos nos conscientizar de que as energias negativas se ajustam a padrões de densidade e celeridade. A qualidade de um pensamento de gratidão, alegria, serenidade e considerações deste tipo colore a energia corporal e traz uma força refinada e um ritmo mais lento. Assim, aprendemos o que é requalificação e como dissolver a negatividade.

A consciência corporal serve, então, para discernir o que ocorre ao nosso redor ou em outra pessoa pela maneira como nos afeta. O corpo fala e o escutamos. Sabemos o que é verdadeiro e correto pela maneira como nos sentimos fisicamente. Somente assim poderemos administrar apropriadamente as intensidades emocionais. Uma postura estável e consciente no corpo permite que surjam e se expressem adequadamente emoções genuínas ou que sejam neutralizadas quando necessário.

Confundimos, quase sempre, as condições emocionais com estados falsos de espiritualidade, amor, apegos e obsessões. Algumas mulheres desenvolvem esta habilidade espontaneamente que se manifestam de diferentes formas de psiquismo, como clarividência, clariaudiência e sensibilidade extrema em graus de duvidosa precisão. Estas aptidões podem ser desenvolvidas melhor, mais naturalmente e com maior segurança nas etapas posteriores, quando já estejamos ancoradas no discernimento e na ética.

A necessidade geral nesta etapa é o equilíbrio. Isto quer dizer que uma mulher deverá estar plenamente consciente das suas necessidades pessoais e suas formas de manipulação sem, no entanto, justificá-las. É nesta etapa que se encontra a maior parte da humanidade e onde a mulher deve aprender a redistribuir a tremenda força das emoções e acalmar sua sensibilidade energética. Impera a necessidade de encontrar o centro de si mesma, como Fonte, excluído qualquer requisito físico, psicológico ou mental.

Concluída esta etapa, a mulher deve assumir sua decisão inicial e seu lugar na família, no grupo social e na profissão. Torna-se mentora, mãe, um ser humano precioso para todos em seu mundo, elevando, inspirando, consolando e iluminando-os em compreensão e paz.

Para concluir esta etapa, deve-se ter um corpo expressivo, uma emocionalidade sensível e uma inteligência com discernimento. As etapas subsequentes requerem maior tolerância e disponibilidade energética. A mulher evoluída é um plus em qualquer parte e define uma vida de plenitude para ela e para todos que a rodeiam. Deliberadamente ou não, sua influência é muito forte e nosso futuro depende disto.

Veja na Parte IV: a segunda e a terceira etapas.

Tradução: Claudia Avanzi

 

 

 

 

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A Alquimia Feminina: O Caminho Espiritual da Mulher – Parte II: O Mistério https://alquimiainteriorbrasil.com.br/alquimia-feminina-parte-ii/ Thu, 04 Jul 2019 20:28:22 +0000 http://alquimiainteriorbrasil.com.br/?p=6484 Por Zulma Reyo. Publicado originalmente em lamujerinterior.es

A mulher possui a chave da alquimia.

Enquanto a alquimia medieval buscou transformar chumbo em ouro, a alquimia divina procura o refinamento da matéria sintonizando com a Consciência como luz.

Uma mulher realiza a alquimia cada vez que dá a luz, perdoa, abraça as diferenças e toca outro ser humano com o calor do seu fogo-luz.

Como confirmação das coisas não visíveis no terreno sublime da sensibilidade, a alquimia, tal como a mulher que sabe que a forma é a sombra do que não tem forma, evoca a ordem primordial do universo. Cada operação que passa pelo processo do seu amor é transformada, elevada e redimida.

Aos olhos da mulher, a Verdade se revela.

Estar no presente não requer máscaras, intermediários, filtros ou condições. A sensibilidade é a joia do coração da mulher, para quem a vida, a verdade e a divindade são imediatas e diretas. A mulher, que caminha pela senda, aceita o insondável como o princípio e o fim.

Para conhecer uma mulher, devemos parar de tentar.

Quando uma mulher reza, os céus se abrem. Quando chora, a terra se acalma. Seu riso move os oceanos. Seu propósito acende os pontos de luz em toda a criação. É senhora dos elementos, una com a natureza em virtude do vazio em seu ventre, onde ressoam todos os seres vivos. A linguagem da mulher é a melodia dos rios, o troar e o sussurro de tudo. A história da humanidade é tecida através dela.

No entanto, ela, que conhece o rugido do Caos e da eternidade, caminha em segredo, escondida de si mesma. Ela, que é o mistério e a sacerdotisa do desconhecido, não encontra seu lugar no mundo de hoje. Ela que a tudo sabe sem o saber tem sido reduzida por um roteiro que nunca foi seu.

O caminho da mulher tem início no mistério e termina em um enigma, no silêncio que existe por trás das palavras e no infinito.

 

O PROBLEMA

Existem vários obstáculos que bloqueiam nossa visão da verdadeira feminilidade e da nossa compreensão do caminho espiritual próprio da mulher.

O pensamento exerce um controle preponderante sobre a inteligência. A inteligência real, como verdade multidimensional e multifacetada, conquistada através do exercício da percepção, tornou-se irrelevante no mundo de hoje. Não existe um termo que possamos usar para descrever a dinâmica da mulher que não esteja sujeito à imitação. Enquanto a inteligência for puramente racional, nosso mundo estará repleto de pretensos sentimentos e pretensa sensibilidade.

Não conhecemos a linguagem dos sentidos. Em lugar de sentir, os serem humanos “pensam”. Em vez de sentir as emoções, buscamos significados para determinar nossas respostas. Antes de ver o que está diante de nós, “interpretamos” segundo o hábito e a conveniência. “Associamos”, projetamos e comparamos antes de ouvir o que nos está sendo comunicado. Não avaliamos com neutralidade, mas “julgamos” segundo situações anteriores. Em lugar de usar nossa inteligência, confiamos em “respostas programadas”. A gratificação sensorial é um reflexo mental. Nossas opções baseiam-se no que “se supõe que seja” em lugar do que sabemos e sentimos ser verdadeiro.

Muitas pessoas não conhecem a diferença entre emoção, sensação e pensamento. Confundem as emoções com sensações, sensações são induzidas por pensamentos e a verdade é determinada pela crença popular.

Mulheres e homens chegam a conclusões de maneiras diferentes. A compreensão do caminho para a iluminação, como uma experiência sublime da espiritualidade e da realização do poder, é diferente para o homem e para a mulher. Isto é difícil de perceber devido à insignificância historicamente atribuída à mulher.

O impulso do homem é de possuir e conquistar aquilo que pretende conhecer. Permanece focado, permanece no centro de si mesmo. Finalmente, como observador purificado, transforma-se na Presença silenciosa sobre tudo o que percebe, estendendo-se no universo. Torna-se poderoso.

O reflexo da mulher é abraçar e fundir-se totalmente com o tecido e a textura do que pretende conhecer. Ela é o perímetro. Finalmente, no vazio, dissolve-se no que é maior que ela mesma. Poder para uma mulher no caminho da realização é a força da conexão por meio da experiência do deleite que alguns chamam de amor e não é o controle sobre o que busca.

O caminho feminino não é rigoroso, nem inflexível. Se um homem alcança a maestria, a mulher alcança o sagrado. Toda sua existência envolve explorar a vida. Sob as leis naturais, a privação não se aplica a ela. Envolve-se completamente com tudo o que faz e se encontra no todo.

De alguma maneira, ela sabe que é livre, responde naturalmente e não por obrigação. É somente nesta liberdade que ela pode servir e neste “sacro-oficio” (sacrifício) ela se realiza. Limitar uma mulher é desconectá-la da sua fonte de poder e do seu caminho.

Não há distinção entre o que é da mulher e o que não o é. Viver e respirar significa sentir em sintonia com toda a vida, o agradável e o desagradável, a luz e a sombra. Em sua condição natural, uma mulher abraça e ama tudo ao seu redor. A independência como separação é difícil para ela.

Viver em um mundo de homens significa abrir mão de tudo o que naturalmente corresponde à mulher e que não pode ser comunicado pela palavra. As motivações da mulher são essencialmente relativas à unidade e à totalidade.

O que quer dizer “ser”? Sempre estamos “fazendo alguma coisa”, mesmo em um suposto estado de Ser. A maioria das pessoas não consegue imaginar viver sem “fazer”, cada pensamento, sentimento e ação está centrado em executar, interpretar, comparar, decidir e escolher. O silêncio, a quietude e a sensibilidade como estados de ampla percepção são raros.

“Ser” é para a alma o mesmo que “sentir” é para o corpo de uma mulher. Não há atividade mental. E isto representa um conflito tremendo para a mulher educada e profissional de hoje que deve atuar como se não existissem diferenças entre homens e mulheres.

O caminho da mulher é uno em amplitude, profundidade e plenitude. Seu instrumento é seu corpo. Seu acesso é direto. O que para uma mulher seria uma tarefa simples há milhares de anos atrás, hoje se converte em conquista monumental para a inteligência feminina moderna.

Em um mundo assim, a mulher tem que reaprender a linguagem primordial da existência. Tem que remar contra a corrente para alcançar sua plenitude. A mulher deve saber e abraçar cada aspecto, aptidão e poder que seu corpo e seus sentidos oferecem diretamente. Não é uma surpresa, portanto, que encontremos tão poucas mestras femininas autênticas.

(continua na Parte III)

Tradução: Claudia Avanzi

 

 

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A Alquimia Feminina: O Caminho Espiritual da Mulher – Parte I: A Transição https://alquimiainteriorbrasil.com.br/alquimia-feminina-parte-i/ Thu, 27 Jun 2019 21:41:25 +0000 http://alquimiainteriorbrasil.com.br/?p=6480 Por Zulma Reyo. Publicado originalmente em lamujerinterior.es

Para a alma, não há distinção de gêneros. Mas, o caminho espiritual é determinado pelas perspectivas e possibilidades de cada gênero.

Mulheres e homens alcançam os mesmos fins, mas de maneiras diferentes. Contamos com habilidades especiais decorrentes da nossa estrutura física e hormonal. Mais do que a expressão, que em nossa época pode ser idêntica, isto se refere à percepção e ao tipo de sintonia com as formas de vida. Para alcançar a plenitude do Ser, e com ela a plenitude da alma, o caminho da espiritualidade da mulher e o do homem percorrem necessariamente estilos e etapas diferentes.

O mundo físico e as dinâmicas mentais têm sido tradicionalmente de propriedade do homem. É uma realidade linear fácil de compreender por ser de senso comum. Seu caminho espiritual tem sido definido e sistematizado para abraçar diferentes temperamentos e idades, servindo a elementos basicamente masculinos. Hoje, como sempre, a mulher compartilha o mesmo mundo, mas vive imersa em sensibilidades múltiplas, não visíveis, e apenas compreende. Supõe-se que suas necessidades sejam iguais às do homem, mas não é assim.

Os caminhos espirituais tradicionais são sistemas que não correspondem à qualidade variável de percepção e à biofísica do gênero feminino. Não se tem considerado até agora que a mulher busca entender quem e o que é.

A consciência planetária está mudando rapidamente, respondendo à mudança de correntes energéticas importantes que marcam nossa evolução em dois ciclos alternados. Estamos completando um ciclo e iniciando outro. A cada cinco mil anos, estes ciclos reajustam a humanidade e a terra em relação à galáxia e ao universo. As forças que nos chegam periodicamente do sistema externo exercem a função, por um lado, de desenvolvimento e, por outro, de equilibrar condições que assegurem o refinamento e a estabilização da humanidade. Estes ciclos são denominados de ciclos masculino e feminino. Influenciam a manifestação e a expressão de todos os aspectos, especialmente no pensamento, inspirando paralelamente a espiritualidade como expansão de consciência. Nenhum ciclo é melhor ou mais elevado do que o outro. Somente refletem as idas e vindas das forças evolutivas que impulsionam e expandem a vida.

Esta transição explica as enormes pressões que estamos vivendo. Enquanto as estruturas sociais, que tem assegurado nossa estabilidade durante milênios, dissolvem-se, outras, muito mais sutis, materializam-se, provocando insegurança em todos nós. A mentalidade habituada à continuidade resiste à mudança, mas a sensibilidade confirma o anseio que todos sentimos.

Segundo meu artigo “O Raio Feminino”, faltam apenas quatrocentos anos para entrarmos em uma nova frequência. O foco não está mais no poder e na força pessoal, vestígios dos imperativos masculinos. Mas, no trato humano que se depreende da interconexão entre todos os aspectos da vida. Estamos nos unindo, mulheres e homens, não mais somente em função dos filhos, mas em função do bem da humanidade. É urgente a redefinição de gêneros, comportamentos, direitos e privilégios, a individuação real, a maneira de tratarmos uns aos outros e, finalmente, a consideração da natureza e do espaço como extensão do nosso corpo, emoção e mente.

Os ciclos femininos anteriores se destacaram pela atividade expansiva, regenerativa e pacífica. O ciclo masculino atual caracteriza-se pela força de conquista, o qual tem gerado conflitos, e, ao mesmo tempo, pela obtenção da excelência individual. Tem sido um rico período de construção e redefinições que inspiram técnicas, sistemas e organizações e unem culturas e civilizações. Pela primeira vez, podemos falar de uma base humana global que acolhe diferenças e uma escolarização massiva que aprofunda a vivência e a compreensão sobre a vida.

Neste ciclo masculino, como nos anteriores, a mulher tem sido o centro da família e do lar, símbolo afetivo dos laços de família. Sua sensibilidade tem sido percebida no âmbito íntimo, privado. No entanto, sua verdadeira vida, prioridades e opiniões, têm permanecido ocultas. A mulher tem dependido do homem no que diz respeito à sua identidade, ações e para definir sua qualidade de vida e seu lugar no mundo. Tem exercido o poder da única maneira possível – a manipulação das emoções e o magnetismo sexual, instigando alianças resultantes da atração ou da rejeição, da culpa e do desejo. Tem sido a Eva bíblica e se tem feito imprescindível na vida interior do homem como seu apoio e companheira incondicional.

A mulher adequou-se às necessidades do homem. Seu corpo e seu afeto serviram de apoio. Por outro lado, de forma aberta ou velada, a mulher foi explorada pelos apetites sexuais do homem. O tremendo poder da mulher e seu caminho espiritual foram obscurecidos e contidos por juramentos e promessas inflexíveis e modelados por ritmos e elementos incoerentes e misteriosos.

Respondendo às exigências do ciclo masculino, o homem cumpriu seu papel de protagonista e líder indiscutível da humanidade, construtor e doador de formas e medidas. Expressou-se individual e independentemente como gestor e como instrumento da sociedade na política e na economia. Demarcou limites e territórios. Contou com um sistema de súditos, entre eles, a mulher e seus filhos. Dominou pelo medo, obrigação, força física e controle mental. Seu papel tem sido visível, seu caminho, ordenado e fundamentado em leis e instrumentos de construção e controle, definindo suas possessões que incorporaram seu nome e sua identidade.

Sem os subsídios da energia feminina genuína, a modalidade masculina não poderá ir longe. A roda do progresso necessita das diferenças entre os gêneros. As rodas que foram colocadas em marcha pela proximidade do raio feminino estimulam uma nova voltagem e um novo potencial. Na mulher, o desejo de se expressar surge da sua profundidade: clama por si mesma sem as determinações impostas arbitrariamente pelas necessidades do ciclo anterior.

Gradualmente, o papel do homem será expresso de uma nova maneira, na qual seu poder se manifestará de forma global e humana. Isto não quer dizer que a mulher tomará seu lugar. Tampouco significa que um suposto lado “feminino” irá despertar no homem. A influência do ciclo que virá representa o refinamento e a aceleração em cada gênero que nos elevará em amplitude. O homem seguirá exercendo seu domínio em expressões que melhor manifestem seu potencial. A mulher seguirá inspirando, apoiando e atuando em serviços compassivos.

Hoje, mulheres e homens despertaram intelectualmente para a necessidade da igualdade visando iniciar as grandes mudanças que determinarão um futuro muito diferente. Compartilhamos tarefas, recebemos a mesma educação, atuamos de forma igual na ciência, no governo, nas artes, na música, na educação. No entanto, a situação subjacente é outra. Os conflitos que se vislumbram dentro das estruturas sociais são consequências do desequilíbrio criado pela ausência do feminino no momento em que a expansão masculina atingiu seus limites e começou a definhar. Agora, a mulher deve manifestar sua inteligência peculiar e seu poder. Pelo fato da expressão feminina não ter alcançado ainda a consciência emocional e espiritual, os sublimes ideais que perseguimos geram, hoje, atritos e competição em lugar de compaixão e transformação.

Em nossa ânsia por uma sensibilidade mais humana, exige-se do homem que seja materno e emotivo, que exerça compaixão e entendimento da mesma maneira que a mulher. Esta exigência o deixa profundamente confuso, tirando-o de uma posição de comando e confrontando-o com uma parte da sua estrutura que é delicada e sensível. O homem não está formatado para ser “feminino”, por mais terno ou compassivo que seja. É outro tipo de transformação que ocorrerá com ele – aquela que enalteça suas próprias aptidões masculinas.

Em nossa obsessão por uma igualdade visível, exige-se que a mulher desenvolva o mesmo tipo de força física e mental que o homem, em um contexto competitivo e agressivo que não combinam com suas inclinações. Pede-se que mantenha um padrão construído de acordo com as regras e, ao mesmo tempo, que seja independente e livre, o que a endurece e priva a sociedade (em especial, o homem) do seu calor e alimento. Da mesma forma, impõem-se doutrinas e crenças que a obrigam a colocar-se à prova publicamente, como ocorria nos melhores torneios medievais. Doutrinada por séculos e acreditando agora que é seu direito, submete-se de livre vontade a preceitos de caminhos espirituais que foram desenhados pela estrutura do homem e não a sua. Por mais que se esforce, seu poder e seu lado dominante não são “masculinos”.

Hoje, os papeis, as funções, as responsabilidades e as obrigações são compartilhadas, mas um novo ciclo não se define com a inversão de papéis, camuflando e excluindo elementos. A mulher deverá discernir entre suas emoções e seus sentimentos unindo-se, assim, ao processo de gestação do universo para elevar sua própria natureza encarnada. Sabendo que tudo é seu e faz parte do seu corpo, cessam o medo, a insegurança e a confusão em que tem vivido para que emane dela o perfume da sua essência.

Contando com o apoio feminino, a transformação do homem deverá ocorrer, mas não será atingida através uma mera decisão. Surgirá por meio da dedução inteligente e temperada por emoções sutis que refletem sua incessante aspiração por um ideal maior. O gênero masculino aspira sempre a superar-se: assim começa e termina seu caminho. Reconhecendo que não possui nada, apreciará o dom da flor que a mulher representa. Sua realização será uma faísca de inspiração que ela lhe sugere e que, a seguir, ele concretiza.

A espiritualidade reflete a vida cotidiana e não o contrário. Na transição, estamos alterando radicalmente a programação mental sobre a qual se ergue a sociedade. A transformação que vemos é tão forte e caótica como os movimentos climáticos e os temperamentos voláteis de ditadores destronados. Implica no processo de desnudar crenças, redefinir propósitos, prioridades e procedimentos. Significa reavaliar o que chamamos de “necessidades” pessoais e coletivas. A espiritualidade de nossos tempos espelha necessidades internas que se sobrepõem a uma verdade difícil de aceitar, uma esperança frágil e uma paz impossível de fazer acontecer.

Nosso caminho, como mulheres e homens, não pode ser de mãos dadas como nas novelas românticas de tempos passados. Em um nível mais alto, cada um exercerá a força e as aptidões individuais. A mulher e o homem do futuro não serão o que são agora ou o que aspiram ser. Este ser interior (veja “O Pináculo da Vida”) não surge por justaposição, nem por oposição. Surge do interior imaculado de cada um em uma conexão sensível.

A transição na qual nos encontramos convida à independência e à individualidade que emana de um centro único e pleno no indivíduo. Em outras palavras, a transição vislumbra a plenitude sem impedimentos ou inseguranças que exigem apoio, autorização ou comparação. Com este simples princípio, mudamos toda a sociedade e criamos um ambiente para o futuro.

O futuro próximo já não trará as expressões externas resultantes da qualidade interna da experiência humana e das dinâmicas que a inspiraram. A força física e a lógica apoiarão a conexão com o mundo de sutilezas refinadas quando ambos os gêneros alcançarem a excelência das suas diferenças.

O caminho da mulher pede uma atuação interna e nas estruturas do mundo que requer sutilização da percepção e do domínio interior. Para o homem, o caminho pede humildade e entrega ao ideal, significando a recompensa por seu trabalho dos últimos séculos.

Tradução: Claudia Avanzi

 

 

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DIMENSÕES DE CONSCIÊNCIA – Parte III – DIMENSÕES TRASCENDENTES: O MUNDO ESPIRITUAL https://alquimiainteriorbrasil.com.br/dimensoes-de-consciencia-parte-iii-dimensoes-trascendentes-o-mundo-espiritual/ Fri, 20 Jul 2018 14:40:06 +0000 http://alquimiainteriorbrasil.com.br/?p=596 Por Zulma Reyo. Publicado originalmente em lamujerinterior.es

Este nível dimensional requer menor esforço e, por esta razão, é mais difícil de explicar. O ser humano não está acostumado a alcançar metas sem aplicar uma intenção focada e deliberada, com estresse e desgaste que caracterizam a perspectiva linear das dimensões inferiores. Ordinariamente, a importância está na meta determinada pela mente. Observemos que existem muitas técnicas para meditar, mas todas elas centram-se em algum artifício para estancar a mente. Ou seja, fazer algo que detenha o monopólio do pensamento para poder apreciar e fluir de maneira não mental com a totalidade da vida manifestada e não manifestada. Isto pode demorar anos de práticas ou somente alguns segundos de entrega para brindar a experiência da iluminação.

No passado, a iluminação sugeria retirarmo-nos da vida diária. Hoje, o desenvolvimento da raça humana traz outra necessidade evolutiva. O contato consciente com as dimensões mais sutis provoca o desejo de trazer suas qualidades para o mundo tangível, acessando e decodificando a verdade em cada nível. A pessoa converte-se em uma ponte para a construção de um mundo melhor, um servidor para o mundo.

Quando concebemos a ação perfeita, quando visualizamos a beleza e o sagrado, quando buscamos a verdade ou empregamos a razão como era concebida pelos gregos antigos, estamos em harmonia com estes campos dimensionais mais amplos.

Quanto mais alta a frequência vibratória da Consciência, mais translúcida e vasta será sua textura e mais sutil a sensibilidade. Neste estado exaltado, a percepção já não é linear ou global. É esférica e concêntrica estendendo-se a um horizonte ilimitado. O ser humano, mais do que forma, é um perfume e a vida se revela como um oceano de transformação infinita. A experiência em oração e meditação profunda faz com que nos sintamos indescritivelmente abençoados e amados (Veja “Conheça-te IX – Aspectos da Consciência”).

Nas Partes I e II desta série, vimos como os sentidos físicos e sutis funcionam. Os sentidos espirituais ou internos são catalisados por meio da participação do ser humano na ressonância ou irradiação que surge em seu interior, na ausência de distrações materiais. A espiritualidade abraça todas as dimensões do Ser, desde os níveis da essência pré-conceituais e pré-substanciais. Define uma vida vivida profunda e intensamente, sem juízo ou qualquer outra forma de escapismo.

Esta última faixa de frequências dimensionais emprega a faculdade da Consciência conhecida como a “Não mente”. Neste nível, “saber” é viver sob o reflexo da nossa própria Presença que contém a totalidade.

Enquanto a linha de demarcação entre as dimensões materiais e holísticas tem determinada amplitude, a que existe entre as dimensões holísticas e espirituais tem determinada profundidade. Nas dimensões holísticas, a noção de tempo não existe. Tudo ocorre no aqui e agora eternos. Não há aonde ir. Não há necessidade de máquinas ou artifícios técnicos ou esotéricos, rituais ou procedimentos especiais, foco ou cálculo. A frequência do nosso espírito combina exatamente com toda a vida.

A vida, como a entendemos, manifesta-se por meio de diferentes proporções de substância e consciência. Nas dimensões inferiores, a pressão material da substância é maior. A consciência serve para modelá-la e guiá-la. Na medida em que vamos progredindo, a consciência aumenta e a matéria serve de mero recipiente e transmissor. Nos níveis mais altos, a Consciência é suprema. Existe apenas uma insinuação de substância. A espiritualidade é a exaltação da matéria como espaço. As formas dimensionais superiores são tão vastas como transparentes.

Imagine um corpo humano do tamanho de uma galáxia e poderá compreender o que é a estrutura destes níveis. Existe pouca “substância” nas dimensões espirituais. Em contraste, a pressão do espaço é mais intensa do que na matéria. Se fossemos viver nestas dimensões fisicamente, seria impossível sustentar a pressão atômica. A luz vibra em uma frequência muito mais elevada do que a matéria. Pense em um astronauta no espaço sem seu traje. Um indivíduo, que não está preparado física e mentalmente para sustentar as voltagens ativadas nestes níveis, alucinaria, imaginaria ou negaria experiências que facilmente seriam identificadas como um estado de loucura.

No meu sistema, a décima é a primeira das dimensões espirituais. Nós a alcançamos por meio da oração e da meditação. Nosso animo fica tão exaltado que espontaneamente evocamos níveis do espaço interior. No entanto, normalmente, nos voltamos para ela depois de grande frustração e em tempos de necessidade quando nada mais parece nos ajudar. O “céu”, o “nirvana” ou o “samadi” descrevem um estado receptivo sem conteúdo que se alimenta da frequência da luz que também está presente no centro da estrutura atômica. Por esta razão é nutritiva.

O contato com os seres dos elementos e o poder arcangélico neste nível traduz-se em êxtase angélico e na intuição da perfeição. É um lugar ao qual regressamos tantas vezes quanto as oportunidades que criamos para isto. É acessível a todos em tempos de necessidade quando a alma pede. O coração mais simples é o que está mais próximo desta frequência.

Para a mente mais complexa, alcançar este estado de consciência não é tão fácil. Nesta dimensão, não há lugar para a personalidade ou para a preocupação com o mundo material. Não há identidade. Para atingir este estado de consciência e sustentá-lo, a pessoa retorna à sua qualidade particular de espírito sem a importância pessoal.

Na faixa média das dimensões, a mente superior alcançou um estado de plenitude comparável a uma amplificação holográfica de todas as faculdades simultaneamente. A chave para a compreensão foi a sensibilidade. O estado de Ser neste nível amplia a percepção interior para incluir o auge emocional como puro sentimento, além das emoções qualificadoras. Para a dimensão humana, isto aparece como a não forma e espaço, mas como inteligência pura essencial. Deste ponto, contemplamos a atividade geradora transcendental.

Aqui falamos de refúgio e descanso, inspiração e o tipo de segurança e autoconfiança que emerge do fato de sabermos que somos vistos e amados por nosso “Eu”. É um plano divino pleno de alegria e vitalidade. Sua função em nossa escala de frequências é inspirar esperança, aquietando a mente e elevando a emoção para um plano de perfeição, beleza e luminosidade. É um reino de união e individuação que nos transporta das limitações da matéria ao sublime.

A experiência da décima primeira dimensão é pouco comum. A razão disso é que estas frequências são tão demolidoramente intensas que devemos abandonar, mesmo que momentaneamente, o formato tênue da nossa forma física e todos os apegos que ela implica. A experiência de quase morte corresponde a esta dimensão. Os místicos e seres iluminados que chegam a este nível transmitem Vida, mas não a vivem como nós. Não têm necessidade de palavras. Sua mera Presença transmite divindade.

Esta é o espaço dos bodisatvas e dos guardiões das grandes religiões. É o lugar do “Eu Sou”. Cada vez que aspiramos por servir a humanidade e perguntamo-nos como poderíamos fazê-lo, contatamos as fontes que surgem deste plano. Ocasionalmente, algumas experiências em sonhos acontecem neste nível dimensional. Nestes estados, contatamos mestres no caminho da iniciação e trazemos de volta memórias vibrantes. Como última parada para a experiência planetária, esta dimensão responde às necessidades da alma humana que busca novos paradigmas e combinações para a vida na terceira dimensão. Elevam-se aqui para receber a faísca de inspiração que logo será decodificada como “revelação”.

A experiência da Consciência na décima primeira dimensão oferece o ponto focal de oscilação que constitui chave energética eterna ou nossa identidade. Tem sido chamado de “nome secreto”. É uma combinação de frequências do espírito exclusiva para cada um em nossa longa jornada por todas as dimensões.

A dimensão mais elevada de todas, em nosso sistema evolutivo, é um estado indiferenciado de pura irradiação, uma Fonte. A décima segunda dimensão é um ponto de referência teórico. Representa o Estado de Ser Absoluto, um estado de pura irradiação no umbral de um sistema maior de Consciência.

Ansiamos por esta altura suprema como divindade para nos preencher com a qualidade espiritual que nos guia e sustenta. Através da participação nas dimensões inferiores, constantemente recebemos seu fluxo, mas não podemos tocá-la tangivelmente. Nós sentimos esta dimensão, mas não podemos vê-la. Está ao nosso redor, mas estamos sempre nos esquivando. Está dentro de nós e, mesmo assim,… não a compreendemos.

 

CONCLUSÃO

As dimensões mostram um sistema de transferência energética que responde a cada necessidade que temos. Ilustram a jornada do espírito ao concentrar e condensar a Consciência e a matéria gradualmente até definir nossas aptidões humanas. A frase “viagem de retorno” refere-se simplesmente à reintegração destas formas e aptidões em todas as dimensões do Ser. Nosso próprio potencial ressoa em sintonia com todas as épocas e aspectos da criação. Em cada nível de Consciência, recuperamos e empregamos um tipo de força que nos permite acessar as respostas.

Ao trazer estas forças de volta à realidade física, o nível de preparação mental que possuímos, segundo nosso condicionamento social, é que nos concederá a maneira de desenredar as impressões e traduzi-las de formas úteis. Para isto, é necessária uma mente disciplinada e uma sensibilidade treinada que possibilitarão agregar em profundidade e neutralidade, ressoando empaticamente. Não importa se não estamos conscientes do nível exato de atividade dimensional. A realização, a alegria, a verdade, a revelação e a sabedoria estão acessíveis aos que se afinam sinceramente a estas frequências.

O propósito de escrever esta série “Dimensões da Consciência” foi o de revelar as dinâmicas da inteligência como Consciência que excedem até a tecnologia mais sofisticada. Tenho a esperança de que, nesta etapa da história humana, evitemos os erros do passado e, ao nos orientarmos para um mundo melhor, desenvolvamos as qualidades sensíveis da emoção e da compaixão humanas que conduzem à manifestação da Perfeição, o céu sobre a terra.

Em nossa jornada pela experiência humana, nenhuma dimensão é melhor ou pior que outra. Somente na terceira dimensão, almas de variadas especializações dimensionais se encontram e interagem para se desafiar e inspirar mutuamente. As pessoas tem mais afinidade com os atributos de uma ou várias dimensões, mas existimos e funcionamos nelas, mesmo que não estejamos conscientes disto… ainda.

Tradução: Claudia Avanzi

 

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DIMENSÕES DE CONSCIÊNCIA – Parte II DIMENSÕES HOLÍSTICAS: A DINÂMICA DA VERDADE https://alquimiainteriorbrasil.com.br/dimensoes-de-consciencia-parte-ii-dimensoes-holisticas-a-dinamica-da-verdade/ Sat, 16 Jun 2018 01:15:55 +0000 http://alquimiainteriorbrasil.com.br/?p=577 Por Zulma Reyo. Publicado originalmente em La Mujer Interior

O mais importante a ser considerado por um buscador da verdade é a maneira como sua conduta repercute no mundo. Em outras palavras, a qualidade que emitimos como consequência de nossos interesses. Este próximo nível de dimensões exige deixar de lado as preocupações pessoais, o que abre o caminho para a sabedoria.

Fomos criados para “saber”.

Se quiséssemos, poderíamos nos sintonizar com o fluxo sanguíneo e saberíamos quando algo não está bem. Poderíamos, também, compreender uma perspectativa totalmente diferente da que temos habitualmente. Poderíamos viajar no tempo ou ler as impressões de uma remota antiguidade sem ajuda tecnológica ou raciocínio científico. Poderíamos fazer todas estas coisas e trazer informação que não estivesse contaminada pela mente calculista e interesseira das dimensões inferiores. O fato de que, em grande medida, não sabemos o que poderíamos saber reflete a teimosia com que nos aferramos à importância pessoal.

Nas dimensões humanas básicas, aprendemos a manejar os detalhes física e mentalmente, a projetar ideias e dar colorido às nossas criações com matizes carregados de emoções. Usando as faculdades mentais superiores, podemos atrair, intuir, inferir, induzir e conectar-nos  com toda a vida por meio do espaço e do tempo.

A Consciência neste segundo conjunto de dimensões começa no nível holístico perceptivo e estende- se à experiência conceitual de pura dinâmica. Inclui da sétima à nona dimensões de Consciência, empregando a inteligência sensível do coração como Mente Superior (veja “Conheça-te IV – Mente” e “Conheça-te V – Consciência”). Sua extensão é mais sutil do que qualquer concepção originária dos meios intelectuais e acadêmicos ou dos reflexos emotivos dos mundos psíquicos ou astrais.

Infelizmente, não existem pessoas formadas em número suficiente para compreender a realidade dos múltiplos níveis que habitamos, sem distorcê-la com crenças e superstições. Flashes ocasionais de intuição são quase sempre desejos fantasiosos ou medos projetados fora de contato real com o campo vibrante da Realidade. Para acessar corretamente a natureza dinâmica da Criação, temos que abandonar os princípios cartesianos limitantes que circunscrevem a realidade ao nível físico, tátil ou ao que vemos e sentimos diretamente. Igualmente, temos que nos livrar da esperança de que um pai barbudo no céu nos protegerá se nos comportarmos bem e como um comandante em chefe de uma hoste de benfeitores alados invisíveis afastará o mal. O que de fato se necessita é a autoconfiança nascida da experiência e uma postura integrada.

A partir deste ponto, a percepção nubla-se facilmente com as sombras do mundo fenomenológico inferior. Só uma mente que discrimina poderá distinguir a verdade da imitação. Este segundo conjunto de dimensões requer habilidade para discernir. Começa quando confiamos plenamente em nós mesmos, não pelo que podemos fazer ou representar, mas pelo “o que somos”: uma Presença interior. No caminho das formas superiores de percepção, anda-se solitariamente, com integridade, disciplina e o tipo de pureza que vem da devoção pela Verdade.

A sétima dimensão se popularizou com o auge da nova era. É o campo dos arquétipos junguianos e da perspectiva histórica, o fundamento da neutralidade holística e da humanidade. Ao invés de surgir do excesso emocional, o sentimento que colore este nível responde à clara intuição de que a Perfeição, a Justiça e o Plano Divino de fato existem e que fazemos parte dele integralmente.

Neste ponto, o místico e o científico se encontram em suas respectivas habilidades para se concentrarem em um fim. Por amor ao ideal, eles sabem o que é perseverar através dos obstáculos de todos os dias. Neste nível, a emoção elevada e a mente pura tornam-se conceitos idênticos.

A sétima dimensão é o lugar de convergência do tempo e da distancia. Passado, presente e futuro se abraçam como uma experiência energética de totalidade. É nítida a distinção entre as funções inferiores da mente, que escaneia o detalhe e alcança a abstração, e a mente superior, que vê além das divisões, de forma global e coerente. A sétima, oitava e nona dimensões trabalham estreitamente relacionadas, como o fazem as quarta, quinta e sexta dimensões no primeiro nível de conscientização na matéria.

A oitava dimensão é um nexo potente de vórtices dinâmicos de potencial energético. Quando alcançamos esta faixa de frequências, sentimos o impulso que permitirá nos conectar com novas possibilidades e configurações da nona dimensão. Quando queremos saber alguma coisa e não temos as ferramentas lógicas para isto, involuntariamente recorremos às frequências da oitava dimensão. Sua direcionalidade, voltada a um propósito, induz à busca e nos encontramos vibrando com um poder que abrange tempo e espaço e que não se detém até alcançarmos a condição que nos trará a resposta. É puro dinamismo e catalisa o momento do “eureca” ou iluminação que define o descobrimento e a profecia.

De certa forma, as oitava e nona dimensões são semelhantes ao mundo fantasioso de naves espaciais e criaturas etéreas e aladas. Prevalece o sistema, a clareza, a complexidade e a ordem paralela. As formas aparecem como movimento luminoso e a experiência de transporte é instantânea. Mas, não é fantasia. As frequências destas dimensões catalisam conhecimento e precipitam revelações que trazemos ao nosso mundo concreto.

A nona dimensão evoca o estado de devaneio de um músico, um matemático ou um cientista. É um estado sutil de Ser que vive, respira e compreende o mundo único de notas musicais, números e fórmulas. A dimensão emana forma e medida, comunicação e transporte harmoniosamente.

Nesta faixa média, as imagens, sensações e qualificações energéticas nos servem de guias. Para perceber a emanação nestes níveis, ao invés da forma, usamos involuntariamente os “sentidos sutis”. As palavras não podem descrever o que percebemos. A compreensão chega por meio da analogia e de uma espécie de associação poética. Estes sentidos são mais sutis e se fundem. Aparecem através do corpo, mas não fazem parte dele. Percebemos através da audição e vemos por meio do odor, do toque e do tom. Sentimos em cores e conhecemos o sabor do correto ou do equivocado de uma condição.

Esta escala é o reino natural da mulher evoluída e do homem agraciado com o gênio intuitivo. É também um espectro que, mesmo ativo em toda a humanidade, não é reconhecido ou valorizado suficientemente, mesmo porque é confundido com a ilusão sentimental.

Permita-me dar alguns exemplos do tipo de percepção sobre a qual estou falando. Para compreender uma pessoa, um evento, uma tendência ou um processo evolutivo, uma pessoa inteligente conecta-se intuitivamente a uma faculdade cognitiva que é dual ou múltipla porque se dirige a um principio unitário além da diversidade. Estas são as frequências da sétima, oitava e nona dimensões. Este é o reino do diplomata e do físico quântico. Estas dimensões concebem passado, presente e futuro como uma unidade e oferecem-nos probabilidades.

Quando consideramos a Paz em um contexto de inocência, estamos lidando com um conceito holístico que é uma condenação da ideia de tolerância entre partes díspares. O primeiro ocorre na sétima dimensão; o segundo pertence aos níveis lineares comuns do pensamento. Visões de processos deste tipo que compreendem forma e medida globais, que inspiram irmandade, não brotam do cérebro, mas da inteligência sensível do coração, que desperta por meio de preocupações profundamente humanas, uma mescla de sentimentos e compreensão de Justiça.

Estas vibrações mais sutis definem estados de Ser que são intensamente dinâmicos. As mentes e corpos que estão imersos em juízos tridimensionais são incapazes de vibrar em ressonância com elas. Pelo contrário, reagem com ódio, egoísmo e mais separação.

A influência destas dimensões, particularmente a sétima, é muito forte neste momento. Oferece uma chave importante para a transformação e eventual transmutação do nosso mundo. Este tipo de inteligência provê nossa civilização de compreensão global que ressoa com o Cristo ou a Mente Superior. Possivelmente, um grande número de seres humanos, que já integraram o passado com o futuro, está posicionado aqui.

Se fôssemos deter o movimento do tempo e o vivêssemos em um espaço compacto, poderíamos compreender o que é a tremenda pressão da experiência nas dimensões superiores. Existe um anseio insuportável e incontrolável do coração de cada ser humano pela busca da Verdade, da Beleza, do Amor e da Harmonia que se manifesta em uma faixa mais sutil de frequências dimensionais, como a experiência verdadeiramente espiritual.

Estudaremos esta experiência em breve.

Tradução: Claudia Avanzi

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DIMENSÕES DE CONSCIÊNCIA – PARTE I A DIMENSÃO HUMANA: MENTE SOBRE MATÉRIA https://alquimiainteriorbrasil.com.br/dimensoes-de-consciencia-parte-i-a-dimensao-humana-mente-sobre-materia/ Wed, 16 May 2018 01:08:55 +0000 http://alquimiainteriorbrasil.com.br/?p=575 Por Zulma Reyo. Publicado originalmente em La Mujer Interior

Enquanto a matéria evolui, a Consciência se expande. Isto ocorre através da experiência direta, íntima e formidável das dimensões múltiplas do Ser.

Em nossas atividades normais, os sentidos físicos, em associação com o cérebro, captam e avaliam o mundo material. Ao mesmo tempo, possuímos sentidos sutis que percebem de forma não linear as faculdades espirituais que refletem forças invisíveis que se manifestam em diferentes extratos da Criação.

“Semelhante atrai semelhante”. Fazemos a conexão com cada nível sensorial, que vibra na mesma frequência, para acessar fenômenos físicos, mentais, emocionais e espirituais. Participamos dos processos da matéria, assim como os da luz, para finalmente acessarmos o pleno reconhecimento do fenômeno transcendente da divindade inerente.

As dimensões formam uma matriz com camadas ou dimensões de atividade que se assemelham a uma cebola. Cada dimensão contém uma série de frequências que serve a uma função particular. Pelo fato de podermos modular a consciência, a humanidade é a única espécie que se comporta em sintonia com mundo animal e que também se conhece como um ser em união com o divino. Habitualmente, limitamo-nos à matéria e à forma.

O primeiro desafio que uma pessoa enfrenta, quando quer conhecer a natureza do universo, é a transformação da percepção da dualidade para a conscientização de uma realidade interpenetrante, que é muito mais ampla. Nesta série, revelaremos como esta conscientização implica na modulação da consciência desde o mental ao holístico e, finalmente, a uma sensibilidade sutil que é puramente vivencial e alcança o núcleo do Ser. Ao vibrar em uníssono com certas frequências, acessamos os vários idiomas de um universo especialmente sensível.

Uma determinada dimensão tem função evolutiva própria com um ritmo vibratório específico que se conecta a outros ritmos em uma escala de complexidade crescente. A primeira e a segunda dimensões envolvem somente a matéria, mas refletem dinâmicas elementais de gestação, decomposição e recriação de matéria. Ressoam microcosmicamente como pressão que gesta a substância e o movimento em níveis inferiores ao da inteligência humana. Nosso corpo reflete esta atividade subatômica. Somos capazes de sugerir sua textura, cor, som e ritmo indiretamente por meio de uma observação focada em nossos próprios ritmos e pulsações. Certos batimentos, como os do tambor e de outros instrumentos tribais ritualísticos, facilitam estas percepções pela emissão de pulsações que acalmam a atividade cerebral – evitando a função linear – e fazendo conexão com a consciência biológica e geológica. É o fundamento do xamanismo.

Utilizo um sistema ou mapa de doze dimensões. Este estudo consiste de três partes que delineiam nossas habilidades potenciais e ajuda-nos a identificar os campos de vibrações dos quais se originam. Nesta Parte I, trataremos da escala básica da atividade humana, da Consciência na matéria: a dimensão humana que neste sistema envolve da terceira a sexta dimensões de Consciência.

A terceira dimensão está intrinsecamente vinculada as quarta, quinta e sexta dimensões, que são lineares e tecnológicas. Empregam a mente comum como uma extensão dos cinco sentidos físicos. Disto resultam os elementos emocionais, relacionais e psicológicos e formam a textura destas dimensões que refletem nossas necessidades físicas e sociais e os sistemas de comunicação e logística que utilizam.

Você conhece a história do cego dentro de uma caverna com um elefante? Pede-se ao cego que toque o animal e descreva as partes do seu corpo. O cego descreve cada parte de acordo com sua experiência imediata, traçando paralelos com sua realidade e expectativas. A cauda se parecia com uma cobra ou animal tubular. A pata se assemelhava a um tronco de arvore. As orelhas pareciam pertencer a um animal alado. O cego carecia de plena visão e, portanto, de um entendimento de como as partes funcionam no conjunto.

De forma semelhante, quando subimos uma montanha,observamos diferentes perspectivas do território ao redor. Quando estamos na base da montanha, percebemos atividade individual. Ao subir mais alto, somos capazes de observar interações com outros elementos. Nossa perspectiva se amplia. Somente no cume poderemos ver trezentos e sessenta graus ao nosso redor para compreender todos os acontecimentos simultâneos e díspares que ocorrem nas diferentes alturas e extensões do terreno.

A Dimensão Humana nesta faixa (da terceira a sexta dimensões) é criativa e exploratória da experiência da vida, onde a inteligência funciona setorial e sequencialmente. Tem capacidade para dividir o todo em partes e voltar a uni-las criando a possibilidade de aprender a construir, a desagregar e a reconstruir. Cada etapa compreende maior complexidade e intensidade.

A desvantagem deste processo é a fascinação que gera. Nossas criações repetem um padrão previsível. Nossa noção de tempo e de distância impõe uma predisposição linear e evolutiva que exige continuidade e fixação, deixando pouco espaço para a simultaneidade, a probabilidade e as expressões alternativas. O conjunto de dimensões humanas oferece interpretações, mas somente os humanos que se elevam são capazes de captar a totalidade de causa e efeito. Somos incapazes de intuir conceitos totalmente novos a menos que estejamos dispostos a nos adaptar a um foco mais sutil, não linear.

Surpreendentemente, o reino psíquico, erroneamente catalogado como habilidade espiritual, faz parte dos fenômenos deste setor tridimensional e relaciona-se estreitamente com as nossas projeções pessoais. A percepção extrassensorial espelha o mundo de causa e efeito que alimenta as necessidades específicas em uma realidade psicofísica.

A consciência humana, neste nível, pede conscientização e domínio. É neste ponto que desenvolvemos a flexibilidade e erguemos a base para as aptidões supramentais necessárias nas dimensões mais altas. A conscientização e o domínio na terceira dimensão constituem a primeira iniciação em qualquer tradição esotérica.

Claramente, nosso corpo é uma unidade composta por diversas partes. A pessoa capacitada vê que nossa forma está estruturada em camadas de substâncias progressivamente mais sutis, estendendo-se eletromagneticamente no campo áurico e continuando até formar uma aquarela primorosa de partículas ultra suaves de luz que constitui a irradiação arco-íris do espírito.

O corpo físico possui seu próprio idioma. As emoções emitem ondas com cores e qualidades específicas. Uma ondulação cintilante de partículas sutis é a linguagem da consciência do corpo. Sua natureza é sensível e relativa. Nossas mentes projetam frequências direcionais por meio do pensamento e da imagem que, aparentemente, funcionam independente e abstratamente, mas que, na realidade, derivam sua qualidade de mobilidade emocional e da vitalidade física.

O propósito da consciência na terceira dimensão é construir uma ponte entre o eu elemental instintivo e a autoconsciência que eventualmente florescerá em Consciência do Eu. Os relacionamentos são o campo de treinamento. Aqui, nos comunicamos uns com os outros e, com frequência, mandamos mensagens físicas, mentais e emocionais que se contradizem. Nossa atmosfera global é uma rede de ondas e fios frenéticos tecidos pela humanidade e suas criações. Absorvemos impressões dos meios, das nossas famílias, do estranho com quem cruzamos na rua. Mesmo que desconectemos nossa mente ou nos distraiamos, o corpo, a mente e o campo emocional estão constantemente absorvendo poluição ambiental e humana.

Em outro nível, a cada vez que pensamos, visualizamos, imaginamos ou recordamos algo, estamos estendendo nossas habilidades mentais para a quarta dimensão. A quinta dimensão oscila ligeiramente mais rápido, enquanto ritmo e qualidade, e é responsável pelo planejamento, especulação, associação e dedução lógica. Em associação à quarta dimensão, trabalha com modelos, sendo capaz de perceber o todo e as partes. Neste nível, acessamos os padrões existentes, seja de um vestido que estejamos costurando ou um modelo de avião que estejamos construindo.

As soluções neste nível aparecem como probabilidades. Esta aptidão é empregada globalmente na mecânica da estratégia militar. Estes são os espaços associativos a partir dos quais formulamos uma lista de compras e integramos eventos do passado. Na psicologia moderna, é o alcance da introspecção e da flexibilidade criativa.

A sexta dimensão é associativa e dinâmica, isolada dos aspectos práticos da terceira dimensão, mesmo que a sirva. A habilidade mental nesta dimensão permite a execução e a compreensão da mecânica da tecnologia de computadores e a pintura abstrata moderna. Alcança um nível criativo de possibilidades.  Estamos em contato com esta dimensão quando abrimos mão da maneira rígida de ver as coisas e permitimos processos de desintegração e de reformulação.

Na terceira dimensão, o corpo nos oferece estabilidade, as emoções nos proporcionam flexibilidade e a mente nos empresta ferramentas conceituais para manejo das ideias. Normalmente, aprenderíamos sobre o domínio da consciência neste nível por meio das lições que a vida nos traz, mas as condições de hoje são diferentes. A humanidade já está bastante avançada na quarta dimensão, assim como está ativa, em número crescente de indivíduos que vivem, respiram e dão vida aos avanços tecnológicos, na quinta e na sexta dimensões na Internet e na pesquisa científica. A percepção nestas três dimensões subjacentes se desdobra como raciocínio intelectual, acadêmico, informativo, estratégico e abstrato.

Cria-se, então, uma situação sem precedentes. Este campo de atividade é tão absorvente que os detalhes da vida diária, ou seja, os sentimentos, são totalmente anulados. Neste momento da história, o enfoque desmedido na atividade mental evidencia uma brecha enorme entre o intelecto e o corpo físico, tornando-se um espaço especialmente pantanoso em relação às emoções. Os “frikis” notoriamente evitam as emoções. Isto constitui um problema já que a vida mais sutil e complexa é essencialmente sensível.

Quando aprendemos a ocupar nosso corpo plenamente e há coerência em nossos pensamentos, emoções e ações, as energias responsáveis por estas funções atingem um campo maior de atividade. Espontaneamente, uma esfera luminosa de proteção surge ao nosso redor permitindo a percepção sem distorção egóica na próxima escala de atividades dimensionais.  A fronteira protetora que surge reflete a maneira como refinamos nossa mente, emoções e corpos. A estabilidade vibratória é um pré-requisito para cumprir o primeiro principio na senda da maestria: colocar a vontade pessoal a serviço da vontade superior.

A próxima série de dimensões requer habilidades totalmente diferentes que não serão acessíveis a menos que a primeira série seja dominada. Envolve flexibilidade emocional e mental.

Tradução: Claudia Avanzi

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Conheça-te XVI: Descobrindo o Ser-Saber https://alquimiainteriorbrasil.com.br/conheca-te-xvi-descobrindo-o-ser-saber/ Wed, 11 Apr 2018 01:26:38 +0000 http://alquimiainteriorbrasil.com.br/?p=582 Por Zulma Reyo. Publicado originalmente em La Mujer Interior

Existem dois tipos de realidade: a verdadeira e a artificial. Normalmente, conhecemos somente a realidade artificial com seu foco na construção, na preservação e na reestruturação. A realidade subjetiva psicológica aparece como uma sombra do mundo construído, repleta de memórias e de todo tipo de desejos, em contraste com a realidade verdadeira do mundo interior da experiência não psicológica. “O que Somos” é um estado intraduzível de ser, vivido e conhecido somente com profunda sensibilidade.

A realidade verdadeira reside em nossa experiência do Eu como um poder sem forma que transmite força e estabilidade internas onde nos sentimos inteiros e seguros. Abre-se um espaço de certeza, imbuído de permanência intangível. É mais forte na infância quando assume o brilho protetor da influencia angélica. Secretamente, permanece durante a adolescência. E, na maturidade, se nós permitirmos, nossa intuição ao sentir esta voz interior nos recorda que é realmente possível. Sua linguagem é o ser-sentir.

É estanho como quando estamos confusos, tristes, irritados ou incomodados de algum modo, criamos e recriamos uma condição em nossa mente e atacamos. Não paramos para sentir. Insistimos obstinadamente em perguntar “o que fazer?”. Encontrar uma solução é a maior prioridade, enquanto sufocamos o Eu interior, a única condição capaz de mudar o contexto alterando nossa perspectiva, em superficialidade.

No início, o contato com as emoções é doloroso porque estancamos nas causas que as produziram. Se nos dermos conta que nós concedemos poder a estas emoções e se compreendermos que ninguém mais além de nós pode mudar uma situação que atraímos, com coragem, em algum momento, tocamos a verdade. As emoções podem ser intoleravelmente intensas, o que comprova o poder que têm. Todos os nossos instintos recusam a profundidade emocional e, por isto, apelamos para a sensibilidade inteligente do coração como ferramenta do saber. “Tocar fundo” quer dizer contatar a esperança ou a resistência subjacente que encobre o estado de Ser Amor.

Poucas pessoas se dispõem a entrar em terreno desconhecido sem um remédio, uma chave ou uma solução em mente. Os estudantes me perguntam o que fazer com as experiências que ocorrem nas meditações alquímicas, procurando remendar suas vidas complicadas. Não existem “soluções” pela simples razão que no nosso interior estes tipos de problemas não têm realidade ou importância. Nosso interior é o espaço onde nos sentimos sentindo. Dele emerge a força e clareza que nos permite encontrar as soluções necessárias.

Como a intangibilidade e a inevitabilidade da própria morte, que é a grande analogia da vida, a sensibilidade do sentimento circula por corredores profundos e escuros para encontrar a pérola luminosa: uma fonte de Luz eterna, que nunca se apaga. Não está fora de nós e não se diferencia de nós. É nosso mais profundo centro interior. Esta Luz não é mítica nem imaginária. É a fonte do poder da nossa vida, a única frequência capaz de afetar a mente, as emoções e o mundo material.

Através da atenção e com nossa força de vida, concedemos poder a tudo o que se relaciona conosco. Dirigimos nossa força vital para pessoas, coisas e condições. Nosso processo de pensamento cria contextos e significados, relacionando coisas no tempo e no espaço. Investimos em pessoas, coisas e condições de qualidade emocional, como ressonância. O mundo material só é real porque nossos sentidos foram condicionados a considerá-lo como tal em relação a coisas, pessoas e eventos, incluindo todas as possibilidades futuras. Nós nos convencemos de que existe a continuidade e a estabilidade no mundo e na vida. Permanecemos ignorantes sobre que é Real.

Quando somos capazes de sentir sentindo, contatamos uma fonte energética que percebe, sente e sabe além do conhecimento. Não é preciso ser reconhecido ou aceito para Ser. Ser é fonte de respostas e soluções. Ensina-nos sem nos ensinar, revelando quais são as prioridades e as possibilidades reais.

O contato com o Ser Interior é direto, mas nem sempre imediato. Deve ser cultivado com muita delicadeza, como se examina as pétalas de uma flor, com reverência e maravilha. Tal como somente o refinamento emocional e a profundidade podem fazer. É preciso todo esforço para gerar este anseio quase esquecido.

O amor é para os mais corajosos porque dói. Sentir amor exige que se lembre do que não é amor. O amor é desnudo, vulnerável e flexível como o salgueiro. É a abertura para a vida e não é determinado por ninguém nem por nada, mas pela nossa exposição direta a ele. Ainda assim, é mais fácil evocar o amor que sentimos por alguém do que lembrar de termos sido amados ou de termos amado a nós mesmos.

O processo tem início na capacidade de sentir-se sem referências externas, simplesmente no silêncio do nosso corpo, acompanhando a respiração e a frequência emocional do momento, sem qualificação, sem pensamentos. É o momento de evocar a memória de amar tanto alguém que o resto não importa e sustentar a qualidade desta força. Pode ser doloroso ou alegre ou ambos. Quando alcançamos este estado, é possível alterar a situação (na verdade, a situação se altera espontaneamente). Diante do poder do amor evocado, nós nos convertemos no objeto. Sentimos um enorme despertar desta força que transborda. Neste momento, descobrimos, de uma maneira muito real, que o amor não permite ser dirigido. Não importa quem ama ou quem é amado, a força permeia a todos e a tudo. Esta percepção é extremamente importante porque dissolve todos os argumentos sobre mérito e condicionalidade.

Resumindo, o processo dos primeiros socorros não necessita de ninguém nem de nada. Basta lembrar um estado de amor, geralmente relacionado a alguém. Quando isto ocorre, o coração se preenche. Ao amar outra pessoa, sentimos como a frequência aumenta dentro de nós. Causa e efeito se combinam em um estado de ser e Eu Sou Isto.

Precisamos reconstruir este processo muitas vezes, indo ao mesmo lugar repetidamente, para que possamos dialogar com esta Fonte e ao mesmo tempo reconhece-la como o Eu, permitindo que os espaços vazios se preencham com a essência das respostas. Gradualmente, chegamos a distinguir sua voz do ruído da mente coletiva, as pressões do mundo externo e do aspecto das memórias e das projeções futuras. Mostra-nos O Que Somos realmente, o que sempre fomos.

Não é fácil identificar a Presença do Eu sem confundi-la com deuses, santos ou mestres criados pelos homens. No entanto, é o descobrimento mais crítico de todos. Liberta-nos de viver à mercê da nossa imaginação e da imaginação dos outros. É simples compreender isto. O difícil é nos convencer a sustentar este estado em momentos de crise. A parte complicada é reconhecer a sensibilidade e viver sem culpar os outros ou a vida.

Tradução: Cláudia Avanzi

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